Todos os humanos são médiuns e interagem com os espíritos.

O Livro dos Médiuns, publicado por Allan Kardec, é considerado a grande obra sobre mediunidade, porém, após ele, muitas outras vieram, até porque médiuns espetaculares encarnaram e puderam ser estudados, sobretudo no Brasil, como Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984), Francisco Cândido Xavier (1910-2002) e Divaldo Pereira Franco (1927-).

Percebe-se pelas datas acima que a mediunidade não é doença e que é possível viver por muitíssimos anos passando por fenômenos surpreendentes, mas isso desde que sejam compreendidos e que o indivíduo saiba tomar os cuidados devidos para que a sua faculdade não lhe ocasione perturbações ou, o que é pior, doenças de ordem física ou mental.

Insistimos muito na explicação científica sobre a existência dos Espíritos devido à capacidade que tem essa teoria de mudar a vida das pessoas para melhor. Dado que todos são médiuns, ninguém deixa de interagir com os Espíritos diariamente, o que afeta suas vidas de forma positiva ou negativa. Entendendo muito bem como se dá essa interação, é possível agregar mais experiências positivas do que negativas.

Todos são médiuns, pois o ser humano tem uma faculdade ínsita nele que é de receber vibrações, pensamentos e até outras influências de seres desencarnados. A glândula pineal, sobre a qual voltaremos a tratar por outros textos, que é muito pouco estudada pela Medicina, teria papel essencial na emanação dessa faculdade.

No item 159 do Livro dos Médiuns, está dito que são raras as exceções de pessoas que não têm esse “canal” aberto para o mundo espiritual ao menos em estado rudimentar :

– “159. Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva”.

Normalmente, o que se entende por médium no dia a dia é aquele a quem chamamos no meio espírita de “médium ostensivo”, alguém com faculdades muito evidentes, que lhe permitem ver ou ouvir os Espíritos, ou ainda que permitam aos Espíritos escrever (psicografia) ou falar (psicofonia) por meio dele.

A mediunidade está, contudo, muito mais no dia a dia humano do que se pensa. Muitos há que podem enxergar campos magnéticos em torno das pessoas, vendo uma tênue linha de energia em volta do corpo (ex. a aura). Outros podem sentir, durante uma meditação ou outra actividade relaxante, formigueiros na pele, pressões na cabeça ou outras reacções físicas decorrentes da conexão com Espíritos.

Muitos há que chegam em determinado local e sentem uma vibração ruim, ai descobrindo depois que algo negativo acontecia ali. Muitos há que sentem uma vibração ruim em certas pessoas e depois descobrem que ela estava passando por problemas ou que carrega muitos pensamentos negativos. Acima de tudo, a mediunidade que a maioria tem é uma sensibilidade em relação às vibrações de outros Espíritos encarnados e desencarnados, que permite receber deles influências e ser até mesmo dirigido.

Na pergunta 459 do Livro dos Espíritos, que Kardec faz a um Espírito, ele responde assim: “459. Influem os Espíritos em nosso pensamentos e em nossos actos?

R. – Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Até pelo fato de se saber que todos têm um guia espiritual, é preciso que se tenha a mediunidade para haver influência por parte desse guia na vida do indivíduo. Muitas vezes, é ele quem nos dirige. Outras vezes são Espíritos menos evoluídos, que buscam satisfazer seus desejos, como vingança, diversão, vícios em álcool, fumo ou outras drogas etc.

A compreensão da mediunidade é fundamental para que os indivíduos possam se conectar cada vez mais com Espíritos, encarnados ou desencarnados, que sejam evoluídos, pois um dos fatores elementares da mediunidade é abrir o ser para um magnetismo em relação aos demais seres. Todos nós, encarnados ou desencarnados, nos atraímos ou repelimos por sintonia das vibrações.

Existem diversos tipos de mediunidade, muitos deles catalogados no O Livro dos Médiuns, que é resultado de anos de observações realizadas por Kardec em reuniões mediúnicas, contando com esclarecimentos de Espíritos superiores, os quais assinam muitas das comunicações transcritas na obra.

Não iremos mais adentrar em questões sobre a existência ou não de Espíritos ou de mediunidade, pois cabe a cada um pesquisar e tirar suas próprias conclusões. Focaremos na proposta principal deste blog que é, por uma visão científica, estudar a espiritualidade de modo a ajudar as pessoas a interagirem melhor com ela, realizando progressos em suas vidas.

Para quem tiver curiosidade sobre o tema, a literatura sobre ele é vastíssima. Ver, por exemplo, a obra Recordações da Mediunidade, de Yvonne Pereira, cujo trecho interessante destacamos abaixo : “Aos 4 anos eu já me comunicava com Espíritos desencarnados, pela visão e pela audição : via-os e falava com eles. Eu os supunha seres humanos, uma vez que os percebia com essa aparência e me pareciam todos muito concretos, trajados como quaisquer homens e mulheres.

 


 

Bibliografia

 

Artigo de Marcos Villas-Bôas na «A Gazeta Espirita» de Julho de 2017.