Reunir a familia espirita em tudo o que lhe é comum e no respeito do que a diferencia.

Todo o movimento associativo conhece as suas diferenciações, as dificuldades e até as oposições que se manifestam no seu seio. Todas estas situações também atravessaram o movimento espirita, desde o seu aparecimento na época de Allan Kardec e na medida em que as manifestações dos Espiritos foram sendo divulgadas atravéz das décadas até aos nossos dias.

E claro que os grupos, as associações, e os movimentos espiritas, são basicamente a obra dos Homens e todos sabemos que nem sempre estes coincidem em tudo. As tradições nos mais diversos paises abrangidos pela existência espirita, são diversas e a expressão dos grupos obedece aos sentimentos portados po restas. Nada, nem ninguém, pode obstar a tais situações.

Outra feita, digamos que até seria ridiculo e pena, pensar que as diversas riquezas expressas por tais diferenciações, representam um obstaculo à clarifificação dos postulados e ao entendimento cordial que deve estar presente e firmemente enraizado nos nossos pensamentos, acções e actividades que possam ser organizadas, afim de dar ao movimento a expressividade que merece.

Se obstaculos existem, se ha deentendimentos e desacordos, estes nada tem a ver com as bases filosofico-morais da doutrina espirita, à qual estamos ligados, mas antes de tudo aos instintos conservadores, a ressentimentos injustificaveis, e a posições exacerbadas que em determinadas situações fômos e vamos tomando, por falta de lucidez e porque ainda entendemos ter sempre razão.

Ora, nada disto se justificaria se somente a doutrina fosse claramente compreendida e ajustasse-mos as atitudes mais singelas e dedicadas ao seu desenvolvimento, sem a personificação e os interesses que desta sobressaem, e passam a ser o fundamento central que nos guia em inumeras situações, e leva a afrontamentos, internos e em determinado casos junto dos tribunais.

Conhecemos estes ultimos, na nossa digressão pelo movimento, relativamente curta e noviça, é verdade, mas que marcaram as nossas consciências e alteraram a visão insuspeita que nos determinou durante uma década de anos na militância espirita francesa e na participação a alguns eventos internacionais levados a cabo na Europa, continente berço da Codificação espirita.

Estas rachaduras levaram-nos a um certo afastamento, certamente necessario à reflexão, para encararmos a organização estrutural da doutrina, não tanto pela forma, mas mais pelo proceder, pela aquietação dos outros, do seus pontos de vista. Ouvir e estar atento, concentrar as nossas energias e cuidados, não para duvidar, mas para atingir os pontos concordantes e reuni-los a bem da Causa comum.

Penso, hoje e mais do que antes, que o essencial é este ponto fulcral, a partir do qual tudo deve servir e convergir para o esclarecimento crescente e a elucidação que esperamos da doutrina, suficientemente bem compreendida e sobretudo praticada, seja claramente, estarmos em unissono entre as palavras e os actos com que nos expressamos, em todas as situações em que nos deparamos.

Daqui vem-nos o pensamento, da concordância na clareza, imprescindivel para cooperar na divulgação da doutrina e legar-mos às novas gerações espiritas, os instrumentos que carecem para melhorar as suas existências e outorgar-lhes as ferramentas que lhes permitirão inovar e preservar, o essencial desta fonte inegostavel de liberdade, de fraternidade e de amor, contidas nas permissias espiritas.

A familia espirita vive um certo desenvolvimento e expansão, mas conhece uma série de empecilhos que lhe dificultam a marcha em frente. Sendo doutrina universal, padece de uma certa ociosidade manifesta a nivel nacional, « de quem tem meios e pode, desde logo manda ». Não me parece que este seja o mais claro e judicioso proceder. Perdoem-me, mas sera necessario mudar !

A familia espirita necessita concentrar todas as suas forças, para levar a cabo actividades e construir obra descentralizada, nos mais diversos paises. Chegou a hora, em que devemos pensar e agir em cooperadores sem fronteiras e implantar onde, por ora, pouco ou quase nada existe no campo da doutrina e ai iniciar a sua divulgação e quando esta for suficiente incrementar e impulsar a existência de um movimento solidario.

O movimento espirita devera ser unido nos seus fundamentos e a formação dos seus quadros devera beber na fonte da universalidade, de tudo o que nos é comum no campo da doutrina. Esta representa as vozes dos Espiritos que se comunicaram e mantêm, desde então, geração apos geração, os seus ensinos, seja atravéz dos seus sofrimentos, seja pela ascendência do seu saber.

E tempo de pôr-mos de parte as formalidades e combater-mos as penosas influências que se sobrepõem, por fraqueza nossa, isto de forma a não se comtabilizar em nome da doutrina, as deturpações e outras insidências maliciosas, que o Astral inferior procura fazer incidir nas mentes e dar contornos infelizes que a serem alimentados serão um freio no futuro resplandiscente da doutrina.

Amemo-vos uns aos outros, como nos envidou o divino amigo, cujo saber mantêm-se integral, desde então, para os séculos vindouros, se defacto e fundamentalmente desejamos fazer parte dos seus verdadeiros discipulos : Aqueles que incansavelmente labutam no bem e na sua pratica se alimentam. De nada nos servira, eventuais subterfugios, deslizes infelizes. Procuremos a Verdade e esta nos elevara !

 


Este artigo é da responsabilidade da redacção da Epadis. Paris, 18 de Novembro de  2019.