Excertos de: Atitude de Amor

Médium: Wanderley Soares de Oliveira

Pelos Espíritos: Cicero Pereira e Ermance Dufaux

Conversas e mensagens.

Ermance Dufaux, médium e militante espirita francesa, no tempo de Allan Kardec, que juntamente com êle fundou a primeira associação espirita do mundo, Sociedade Parisiense de Estudos Espiritas, escreveu diversos livros dentre os quais Joana d’Arc Médium. Depois de ter desencarnado e enquanto Espirito ditou diversas obras, entre elas « Laços de Afeto » ao médium Wanderley de Oliveira, na qual nos diz : – « Sociedades espiritas fraternas so serão construidas por homens e mulheres mais doceis e cordiais, mais confiantes e afaveis, mais amigos e amaveis. A criação dessas novas relações é garantia de uma aprendizagem mais solida e bem aproveitada em nossas casas espirituais.

E o Espirito Bezerra de Menezes numa das suas mensagens sôbre o futuro do Espiritismo declara (1) : « … A função das entidades (centros) na doutrina, é de servir e servir sempre, mais e mais, em todos os quadrantes, no atendimento das extensas necessidades a vencer, nas lavouras doutrinarias, cumprindo o roteiro dos deveres de orientação e apoio, sem jamais defender para si direitos ilusorios no campo do poder ».

Mais adiante acrescenta : « Nosso maior inimigo, defacto, é o orgulho em suas expressões de arrogância, inflexibilidade, perfeccionismo, autoritarismo, intolerância, preconceito e vaidade, seus frutos infelizes que, sem duvida, tranformam perniciosamente a instituição e incentivam o dogmatismo e a fé cega, alimentando a hierarquização e o sectarismo. Seus frutos geram sementes e precisamos de interromper essa semeadura do « joio » que sustenta a ilusão de trabalhadores desprevenidos e invigilantes ». « Nossa luta deve ser intima e não exterior, não contra as organizações, mas contra nos-mesmos, quando em atitudes praticadas sob o manto da mentira que nos acostumamos a venerar em favôr de vantagens pessoais ».

« Essa velha bagagem da alma tem solução. Melhorando os homens, melhoramos as instituições.

Por isso, nossa meta prioritaria jamais foi ou sera incentivar dissidências afim de comprovar a eficacia de alguma ideologia, porque, em verdade, todas cooperam para um destino comum no futuro ».

Como vêmos, sômos prevenidos por Espiritos benfeitores, da necessidade de mudarmos atitudes e iniciar-mos a reforma necessaria, nos nossos corações e na nossa consciência, de forma a permitir essa mudança que é mais intima, pessoal, do que institucional, mas serão os centros espiritas que deverão iniciar e preparar as pessoas e os seus proprios dirigentes a tais mudanças.

Dar mais valôr e campo ao comportamento de todos nos torna-se imprescindivel, com a aproximação dos tempos em que as atitudes morais deverão caminhar e mesmo tomar a dianteira em relação ao conforto material das ultimas décadas.

A crise financeira e politica que presenciamos, desde ha alguns anos a esta parte, é antes de tudo uma crise de comportamentos e portanto uma crise de desfalques morais do individuo, a todos os niveis da colectividade, e no campo da governação, aonde se reflete o estado da sociedade.

E ainda o Espirito Bezerra de Menezes que vêm em nosso socôrro dizendo-nos : « Entramos e vamos avançando por uma nova etapa em que a maioridade da doutrina que praticamos se deve realizar. E para que não chafurdemos em analises miopes, torna-se prioritario definir nossa grande meta em auxilio aos que mourejam na colectividade doutrinaria, para maximizarem seus esforços nas direcções mais nobres e uteis aos deveres dessa nova etapa de maioridade espiritual ».

E em resposta avança : « A meta primordial é aprendermos a amarmo-nos uns aos outros, para que tudo o que fôr criado em nome da causa espirita reflita a essência do Espiritismo em nossas movimentações. Nossa meta essencial é o amor, atitude que reflete Deus em nos. Meditemos na inolvidavel pergunta do Mestre. Que galardão teremos em amar somente os que nos amam ? ».

Isto é, nossos familiares, nossos amigos e nossos companheiros nas lides espiritas. E todos os outros, todos os que necessitam de ser esclarecidos e auxiliados, amados e fortalecidos.

A sociedade actual é composta pela diversidade, é nesta que encontra vigor e capacidades novas para se reformar e restaurar. Esta diversidade é uma fonte de renovação cuja matriz é irremovivel, nela devemos procurar novas energias e forças para ultrapassarmos certas dificuldades e escôlhos que na situação dual em que nos encontramos, são muito naturais. Precisamos de refletir profundamente e dar continuidade às conclusões a que chegamos, para que o sônho, das gerações anteriores, e muitos dos que assolam os nossos pensamentos intimos se possam realizar atravéz de uma sociedade multicultural, e profundamente convicta que juntos poderemos conviver uma nova etapa da nossa imortalidade.

E ainda Bezerra de Meneses quem alimenta as nossas reflexões quando na sua mensagem nos diz : « A renovação de atitudes, na edificação de uma nova mentalidade solicita uma inevitavel mudança cultural em nossos ambientes doutrinarios. O repudio do debate e a aversão ao confronto de opiniões são expressões do institucionalismo que ainda esta presente no psiquismo humano, muita vez realimentado por organismos e oradores respeitaveis ».

E o grande amigo dos pobres, Bezerra, esclarece : «… O Mestre, (fala de Jesus), como educador, apos os ingentes deveres publicos do dia, recolhia-se em coloquios intimos com os corações dos apostolos, ampliava-lhes as perspectivas sobre os ensinos, dimensionava as realizações extrafisicas em torno dos feitos do grupo todo, e respondia a questões simplices, porém, de rara profundidade moral. Era ali, naqueles momentos intimos, que se efetivava o poder de percepção e o desenvolvimento das condições necessarias ao apostolado, porque havia debates sinceros e resolução de conflitos em clima pacifico, sob a tutela do Senhor ». « Hoje, mais que nunca, precisamos repetir tal episodio e permitir o « espirito do Senhor » na contenção de nossos impulsos de desagregação e isolamento.

E urgente trabalhar por uma cultura de trocas e crescimento de grupo, habituando-se a ter nossas certezas abaladas pelo conflito da permuta, para que ampliemos a capacidade de enxergar com mais exatidão as questões que supômos se terem esgotado. Essa diretriz conduzira os homens a uma maior possibilide de dialogo e intercâmbio, fazendo-os perceber a inconveniência do isolamento em muros de pseudo-sabedoria ou nas masmorras do autoritarismo institucional, ditando normas e idéias em nome de uma verdade exclusivista ». (…). Sem duvida, vamos precisar de nos qualificarmos para o debate sôbre as ideias do Espirito, da imortalidade, da reencarnação, e das consequências que uma tal corrente de idéias vai provocar na sociedade. Devemos, na verdade, preparar o advento dos novos tempos que bafejam a sociedade em todos os continentes e em todas as vertentes do planeta, o qual se tornou uma aldeia, do ponto de vista da comunicação e da troca de informações, em que o que se passa sabêmo-lo em instantâneo, nos mais recuados albergues e nas mais singelas moradas do planeta.

Eis o desafio que nos é lançado enquanto espiritas, portadores da boa nova evangélica e das mudanças morais e espirituais em perspectiva e que desde o seu nascimento trazia o advento do Espiritismo, so por isto é de grande importância incentivarmos os dirigentes ao contacto sadio com a dinâmica operacional dos centros espiritas e dos diversos segmentos da Seara, (espirita) estabelecendo contactos, actualizando conceitos, tirando duvidas, agendando encontros, criando ensejos ecumênicos para servirem de exemplos aos menos afeiçoados ao habito da complacência com a diversidade do entendimento.

A melhor instituição sera a que mais expandir as condições para o amor. O melhor homem sera o que mais apresentar tenacidade em amar. A melhor Casa sera a que mais implementar o regime de amor em grupo, imprimindo a seus deveres um caracter educacional. Os herois da fibra moral estão despedindo-se da Terra, porque cumpriram seu ministério de amor.

Agora é o tempo dos actos solidarios pela união das forças, relembrando o calvario no qual Jesus despediu-se glorioso, conferindo a continuidade à obra a quantos partilharam Seu percurso Divino.

O Espirito Verdade legou-nos o inspirado roteiro no « amai-vos e instrui-vos ». Instrução e amor, conhecimento e dinamização ética.

Levantemos a bandeira da unificação ética em torno da qual ser-nos-à possivel atrair pela acção, mais que pelo discurso, ensejando a formação de polos de congraçamento ecumênico entre nos, os espiritas com diversidades de idéias, mas num unico sentimento, o do amor exalando a fraternidade. Tomemos como lema a triade inspirada pelo Codificador « trabalho, solidariedade, tolerância » e cerremos esforços na campanha para que essa indicativa se torne o programa da Casa e do movimento espirita mundial.

A melhor campanha para a instauração de um novo tempo na Seara (espirita) passa pela necessidade de melhoria das condições do centro espirita, que é a célula operadora do objectivo do Espiritismo. (…). Por isso, temos que promover as Casas, de posto de socorro e alivio a nucleo de renovação social e humana, atravéz do incentivo ao desenvolvimento de valôres éticos e nobres capazes de gerar a transformação. Para isso so ha um caminho : a educação ».

Os incentivos expôstos pelo Espirito Bezerra de Menezes, estão certos e é com fé racionalizada e convencidos da importância da hora que vivemos e das transformações que devemos operar em nos proprios e em nossos centros espiritas que é imprescindivel iniciar-mos estudos de auto-conhecimento, pessoal e colectivo, até porque o tempo pressa, embora não seja preciso correr, mas iniciar as reflexões necessarias à mudança em curso.

O Espiritismo vei-o para nos auxiliar a alargar-mos a nossa consciência em relação à vida e aos objectivos por esta propôstos, e isso é que nos importa.

Voltamos a Ermance Dufaux (Espirito) e mais precisamente a uma troca de idéias com o Espirito Auripedes Barnasulfo:

« No cenario da lides doutrinarias, vez por outra, ouvimos indagações que expressam o sentimento de saudade, de quem fica em relação aquêles que ja partiram para além das dimensões de matéria. Onde estariam muitos servidores da causa ? (…) Não seria de esperar que estivessem mais perto e nos dessem directrizes mais claras sôbre a vida futura ? – Indagam outros.

Somente transpondo os muros da morte, o homem poder encarar com a necessaria clareza, quais são os impedimentos para a palavra livre e salutar na relação entre mundos fisico e espiritual.

Foram homens que prestaram bons serviços ao ideario, no entanto nem sempre fizeram quanto podiam por si proprios. Muitos dêles fugiram ao acto de burilar os sentimentos no cadinho de elevação moral. Podiam e deviam fazer mais…

Ocuparam-se, muito dêles, em demasia, com labôres que julgavam essenciais, tais como : « proteger o Espiritismo », « zelar pelas tradições de suas casas » (espiritas), « atender aos estatutos », « serem fiéis à pureza filosofica ». Tais condutas, mesmo enaltecidas pelas melhores intenções, são similares as daquêle servo temeroso que recebeu um talento, e aplicou-o como acreditava ser seguro ; (…) escondi na terra seu talento ; aqui encontramos o simbolo dos interêsses voltados para « baixo ». Valôres pereciveis ».

« Por essa razão, a desilusão de muitos conhecedores do Espiritismo quando aportam à vida do além, têm-lhes grangeado dramas que vão desde a angustia controlada até aos mais complexos episodios de dôres, somente solucionaveis com tempo e Amor. Assim como existem entraves para a manifestação livre daqui para o mundo fisico, igualmente existem percalços a serem vencidos pelos servos agraciados com os Talentos da comunicabilidade inter-mundos. O conhecimento da imortalidade da alma, por si so, não renova, apenas esclarece ».

« Sem repensar a condução de nossas «casas de amor» e sem renovar as atitudes de cada dia, dificilmente os conteudos da Doutrina Espirita libertarão a consciência do jugo das ilusões. Os grandes golpes colectivos do orgulho nascem sempre de pequenos descuidos com o personalismo do trabalhador, quando ainda nas tarefas singelas do centro espirita. (…) Pela nova « proposta, nossos grémios de amôr serão ninhos afetivos e celeiros educacionais com uma psicosfera vitalizadora, estimuladora da união legitima de corações, distante dos climas de animosidade e disputa que abundam em locais onde prevalece o individualismo. (…) Os deveres prioritarios de quantos desejem amparar em nome do amor, no corpo ou fora dêle, deve ser sempre cultivar a esperança nos corações falidos ante suas consciências. (…) Esse tem sido o lema do movimento solidario das almas conscientes, que laboram pela implantação do bem na Terra. (…) A ordem divina é recomeço e continuidade, trabalho e soerguimento».

1. Wanderley Soares de Oliveira (2007). Atitude de Amor. Pelos Espíritos Cicero Pereira e Ermance Dufaux. Belo Horizonte, Editora Dufaux. 94 p.