Introdução.
Esta foi uma pergunta, um questionamento que durante milénios se puseram os Homens, depois de se terem perguntado durante longos milénios se eles proprios eram Alma ou Espirito. Quem eram os Homens ? Quem são os animais ? O que é a Vida ?
Estas interrogações, vindas dos tempos mais recuados, tiveram as suas respostas no seio de diversos povos. Malgrado isso, os avanços e recuos civilizacionais, deixaram-nos sempre uma zona sombria, aonde a duvida flutuou e cresceu a ponto de advir um sistema de negação da existência do Homem-Espirito, sêr imortal cuja evolução se faz ao longo de muitas existências, isto é um Homem com a capacidade de reencarnar.
Mas se o Homem é afinal um Sêr Imortal, sera que outras formas de vida, particularmente a que se nos apresenta através dos animais também são imortais, progridem, e cujos sentimentos são sinal de existência espiritual ?
O debate sôbre esta problemática não é novo. Na actualidade o movimento de defesa da causa animal volta a pôr no dia a dia a questão da vida animal e o facto de sabermos quem são os animais, o que eles representam para o Homem. Ja se reconhece na lei o facto de « os animais terem sentimentos », mas a problemática é de saber se o facto de terem sentimentos significa serem Alma ou Espirito ? Reencarnarão ? Tanto quanto nos humanos ?
Sêr ou não ser.
Com Allan Kardec a Doutrina Espirita, desde os seus inícios, procurou responder a estas perguntas. Muitos foram os homens científicos que então e nas décadas seguintes pesquisaram a questão psíquica e o psiquismo animal. Diversas revistas cientificas da época registaram os seus achados e publicaram os resultados.
No campo do espiritismo um dos seus membros eminentes, Ernesto Bozzano, estudioso da metapsíquica, pesquisou durante anos a questão e publicou uma obra com o titulo « Os Animais Têm Alma ? ». Titulo mais que sugestivo ja que as suas pesquisas levam-no à demonstração da sobrevivência do principio espiritual à morte física.
Neste seu livro Ernesto Bozzano expõe-nos dezenas de casos sôbre a actividade supranormal dos animais (telepatia, premonição, mediunidade, etc.) os sentimentos que manifestam, comumentemente, amor, saudades, ciúme, medo da morte, premonição, tristeza, alegria, etc. Os casos expôstos demonstram a possibilidade de comunicação entre os animais, por exemplo o dos cães, com os seus donos.
Saibamos que para mais além, destes casos expostos, o cientista-espirita, estudou muitíssimos outros. E reafirma o espirito de sacrifício de certos animais, nomeadamente o cão amigo fiel do Homem. Animais detentores de capacidades psíquicas e com capacidades de projecção telepática, que realmente a Sociedade de Pesquisas Psíquicas (Londres) reuniu em grande numero.
Quantos animais sacrificaram a sua vida em defesa de seus donos e de crianças. E como reagem inteligentemente em casos de participação aquando de acontecimentos importantes, terramotos, na descoberta de pessoas sob os escombros, ou em filmes e peças de teatro. Também é largamente conhecido o facto em que animais, gatos, cães, cavalos, depois de desaparecidos, pela morte, se terem mostrado a seus donos em condições de materialização, demonstrando também aqui o beneficio de uma tal manifestação.
A faculdade de premonição é também corrente nos animais domésticos, « Esta é uma das faculdades mais curiosas e misteriosas da « psique » animal » declara Ernesto Bozzano, que continua a sua apreciação desta forma : « Na introdução desta categoria, referi que ela consistia na possibilidade de os animais domésticos manifestarem por vezes a faculdade de pressentir, a curto prazo, a morte de uma pessoa do seu meio ambiente, anunciando-a com ganidos e uivos característicos. Acrescentei que esta capacidade de varias espécies animais é bastante conhecida ; entre as tradições populares, existe também aquela que fala dos « uivos de morte » de cães.
Tratar-se-ia, portanto, de uma autêntica faculdade « premonitória » dos animais, embora ela pareça mais limitada que a « faculdade análoga manifestada esporadicamente no homem.»
No seu livro Ernesto Bozzano cita ainda o caso n° 71 que ocorreu com o Dr. Gustave Geley, que foi o primeiro director do Instituto Metapsiquico Internacional de Paris e autor de obras metapsiquicas que se tornaram clássicas, decidiu fazer uma experiência pessoal dessa faculdade sobrenatural dos animais e descreve-a assim no seu livro « De l’Inconscient au Conscient, pág. 192 :
« Numa noite, eu velava, na qualidade de médico, uma jovem que, estando nesse dia num perfeito estado de saúde, havia sido acometida por um mal fulminante e agonizava. A família estava comigo no quarto, silenciosa e chorosa. A doente queixava-se. Era uma hora da manhã (a morte aconteceu no mesmo dia).
De repente, no jardim em redor da casa, ressoaram uivos de morte vindos do cão da casa. Eram uivos longos, lúgubres, numa nota só, emitidos primeiramente num ton elevado que ia depois decrescendo, até desaparecer suavemente e muito devagar.
Havia um silêncio de alguns segundos e o lamento regressava, idêntico e monótono, infinitamente triste. A doente teve um momento de lucidez e olhou-nos ansiosa. Tinha compreendido. O marido desceu depressa para calar o cão. Ao aproximar-se, o animal escondeu-se e foi impossível, na escuridão da noite, encontra-lo. Assim que o marido subiu novamente, os queixumes recomeçaram e continuaram, durante uma hora, até o cão ser apanhado e levado para longe.
O que devemos pensar de manifestação deste género ? O relator deste caso (Gustave Geley) era um homem de ciência muito distinto. A autenticidade do facto é incontestável, os uivos do cão foram evidentemente característicos. A premonição de morte realizou-se. Não poderíamos, portanto, evitar concluir que o cão teve realmente a premonição do falecimento de uma pessoa do seu ambiente.
A menos que se prefira explicar as factos através da hipótese das « coincidências fortuitas ». Nesse caso restaria explicar por que motivo os cães emitem, nestas circunstâncias, uivos absolutamente característicos, que o relator descreve com tamanha precisão. Além disso, se a hipótese das « coincidências fortuitas » pode ainda ser apoiada num caso isolado, não o poderia ser se as manifestações dessa natureza se realizassem com frequência.
Ora, não ha duvida de que elas se produzem, com efeito, com frequência, mas quer devido à própria natureza dos acontecimentos, que por se produzirem em meios estranhos às pesquisas metapsiquicas, raramente chegam às revistas especializadas.
Casos como este não faltam e Ernesto Bozzano os utiliza para fundamentar as suas conclusões relativas às faculdades psíquicas dos animais, que como no homem, se revelam aquando de inúmeros acontecimentos. E para não deixar duvidas sôbre a imortalidade dos animais, conta o que aconteceu aquando de uma das suas experiências mediúnicas : «…entreguei à médium uma coleira de cão. Depois de a ter manuseado durante algum tempo, o Dr. Phinuit, o espirito-guia da Sra. Piper, reconheceu que a coleira era de um cão que me tinha pertencido.
Perguntei-lhe então se na « esfera espiritual » onde ele se encontrava existiam cães. Ele respondeu-me : « Existem milhares ». Depois acrescentou que tentaria chamar a atenção do meu cão com a coleira. Enquanto conversávamos, ele interrompeu para dizer : «Ora, ca esta ele ! Penso que ele ja sabe que o senhor esta aqui comigo, porque vejo que vem de muito longe ». Descreveu-me então o animal ao qual fazia alusão. A descrição correspondia exatamente à do meu cão de raça Collie. Então, terminou dizendo : « Agora chame-o, Sr. Reach ». Emiti o assobio com o qual tinha o habito de o chamar e phinuit exclamou : «Ora aqui esta ele ! como ele corre ! Como voa ! Ja aqui esta ; esta a pular de alegria à sua volta. Como esta contente de o voltar a ver ! Rover ! Rover ! Não. Grover, Grover ! E o nome dele !». De facto, o cão chamava-se Rover, em homenagem à eleição do presidente Grover Cleveland ».
Ernesto Bozzano precisa os seus pensamentos : « Este incidente por si só não contem nenhuma circunstância que possa distingui-lo dos casos habituais de « clarividência telepática ».
E em pagina 172 da sua obra acima descrita, afirma : « … Eles demonstram (trata-se dos casos estudados) que não existe nenhuma hipótese racional que se oponha à que considera os animais como sendo dotados de faculdades sobrenaturais subconscientes tão como o homem. (…) cães que anunciavam, através de uivos muito característicos e profundamente lúgubres, a morte iminente de uma pessoa do seu meio, e persistiam até ao falecimento da pessoa : manifestações que demonstram a existência, no subconsciente animal, de faculdades premonitórias e, consequentemente, de uma outra faculdade sobrenatural ligada às outras enumeradas acima. Esse dom misterioso ja era universalmente atribuído ao mundo animal sob a forma de previsão de perturbações atmosféricas iminentes, ou da proximidade de tremores de terra e erupções vulcânicas. »
« Com base nos factos apresentados, é possível afirmar, sem receio de errar, que o veredicto da ciência futura so poderá ser favorável à existência, no subconsciente animal, das mesmas faculdades sobrenaturais que encontramos no subconsciente humano. Como o facto da existência latente, no subconsciente humano, de faculdades paranormais, independentes da lei da evolução biológica, constituía a melhor prova a favor da existência no homem de um espirito independente do organismo corporal,e, por consequência, que sobrevive à morte desse organismo, era racional e inevitável concluir que, e uma vez que no subconsciente animal encontramos as mesmas faculdades sobrenaturais, a « psique » animal também esta destinada a sobreviver à morte do corpo ».
Por fim.
E para nos que na actualidade militamos no campo da Doutrina dos Espíritos, e entendemos as explicações por ela fornecidas, desde que foram anunciados os princípios filosóficos, científicos e morais, por Allan Kardec, em que todos os sêres vivos são Espíritos em estado evolutivo diverso, e que todos fazemos parte, enquanto elos, da imensa cadeia da Vida.
A ciência académica, ainda tem um grande caminho a percorrer para desbravar conhecimentos sôbre o Espirito Imortal, o que nos ja afirmamos, e que passarão a ser oficializados e tido por ensino fundamental nas escolas e universidades. A verdade do conhecimento pela pesquisa, bate à porta, que esta lhe seja aberta.
Bibliographie
Este artigo foi composto, a partir da obra científica de Ernesto Bozzano « Os Animais tem Alma ? ».