O suicídio.

Um acto infeliz contra a sua própria vida. A grande maioria dos actos de suicídio partem do desespero. Embora as causas sejam diversas e em muitos casos desconhecidas. Diz-se que estas residem nas situações de desequilíbrio mental, de depressão, de bipolaridade, esquizofrenia, alcoolismo, abusos de certas substâncias, etc.

Outros problemas podem estar na origem do suicídio, negócios em perigo, problemas financeiros, desentendimentos no lar, ou ainda questões relativas à actividade profissional. Como vêmos os factores que dão origem a uma tal situação, prolongando-se no tempo, podem dar lugar as tais tentativas e à morte do corpo.

Também existem suicídios com fins políticos, seja como protestação e oposição, seja por questões de inimizades políticas, seja para escapar ao que o suicida considera como desonra.

Enfim, a vida humana, tal qual é vivida na actualidade, com seu cortejo de complicações e escôlhos, não facilita em nada a existência a seus membros, e contribuiu largamente para criar condições favoráveis a que tais actos desapareçam. O facto de o indivíduo se encontrar de um dia para o outro vitima, sem emprego, é ainda uma das situações que tem levado um grande numero de pessoas à desfazer-se da sua existência, pensando certamente pôr um termo à situação que o perturba.

A pobreza, a miséria, a discriminação que lhe são impostas, são a alavanca, com a qual golpeia a sua própria existência e resolve-o muitas vêzes, a pôr-lhe um pônto final.

Ainda o desamor, as complicações que se produzem neste campo, do relacionamento humano, também são elementos originais de muitos suicídios ou tentativas para pôr termo à sua vida. O facto de os indivíduos não terem noções de sobrevivência espiritual, em nada lhes facilita a vida aquando de situações difíceis. Nada se acaba, com a morte física, tudo continua e mesmo se agrava com o suicídio.

 

Sôbre as tristezas desta vida.

 

A melancolia, irmã da tristeza, é uma das sensações que podem levar o homem a suicidar-se. Diz-nos o Evangelho Segundo o Espiritismo, relativamente a este sentimento, que « pode ser uma razão de desalento e desânimo e dai persistindo, pode levar o indivíduo, nessa situação, a determinar o fim da sua existência. »

« O abatimento é uma espécie de apatia, que faz com que vos considereis infelizes. Deveis resistir com energia a essas impressões que vos debilitam a vontade. Essas aspirações para uma vida melhor são inatas no Espirito de todos, mas não a busqueis aqui na terra ; agora que Deus vos envia seus Espíritos para vos instruir a respeito da felicidade que vos esta reservada, esperai com paciência o anjo da liberdade, que vos deve ajudar a romper os laços que na terra, tendes que cumprir uma missão que ignorais, ja vos consagrando à vossa família, ja cumprindo diversos deveres que Deus vos confiou. »

« E se no curso dessa prova e cumprindo vossa tarefa, virdes cairem sôbre vos os cuidados, as inquietudes e as tristezas, sede fortes e corajosos para os suportar. Enfrentai-os denodadamente porque têm curta duração e devem conduzir-vos junto dos amigos que pranteais, os quais se hão de alegrar com a vossa chegada no seu meio, e vos estenderão os braços para vos conduzir a um lugar onde não ha acesso às tristezas da Terra. (François de Genève, Bordeaux).

« E necessário bem distinguir. Quanto a vos, pessoalmente, contentai-vos com as provas que Deus vos envia e não aumenteis o fardo, ja de si por vêzes bem pesado ; aceitai-as sem murmuração e com fé ; é tudo o que Deus vos pede. Não debiliteis vosso corpo com inúteis privações e macerações sem propósito, porque tendes necessidade de tôdas as vossas forças para realizar vossa missão de trabalho na terra ; torturar e martirizar voluntariamente vossos corpo é infringir a lei de Deus, que vos da os meios de sustenta-lo e fortalecê-lo ; debilita-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis, tal é a lei ; o abuso das melhores coisas traz consigo o proprio castigo, nas suas consequências inevitáveis. »

 

Débitos e Pagamentos.

 

« Ja vos dissemos repetidas vêzes que estais na terra de expiação para acabar vossas provas e que tudo quanto vos acontece é consequência de vossas existências anteriores e o juro de uma divida a pagar. Mas este pensamento provoca em certas pessoas reflexões que devem ser combatidas, porque poderiam ter consequências funestas.

Pensam alguns que desde que estão na terra para expiar é mister que as provas sigam o seu curso. Ha também os que imaginam que, não so nada deve ser feito para atenua-las, como até, ao contrario, é necessário contribuir para as tornar mais proveitosas, agravando-as. Isto é um grande erro.

Sim; as provas devem seguir seu curso que Deus lhe deu; mas por acaso sabeis qual êsse curso? Sabeis até que ponto devem chegar? Se vosso Pai misericordioso teria dito ao sofrimento dêste ou daquele de vossos irmãos: daqui nem mais um passo? Sabeis se sua providência vos escolheu, não como instrumento de suplicio, mas como bálsamo, que deve cicatrizar as chagas que sua justiça havia aberto? Não digais, pois, quando virdes um irmão ferido; é a justiça de Deus; é necessário que siga seu curso.

Dizei antes; vejamos que meios nosso Pai misericordioso pôs ao meu alcance para aliviar os sofrimentos de meu irmão; vejamos se porventura Deus pôs em minhas mãos os meios de fazer cessar êste sofrimento; e se não foi dado a mim, também como prova – ou talvez como expiação – poder cortar o mal e substitui-lo pela tranquilidade.

Resumamos. Todos vos estais na Terra para expiar, mas todos, sem excepção, deveis fazer o máximo de esforços para abrandar a expiação de vossos irmãos, segundo a lei de amor e de caridade. » (Bernardin, Espirito protector, Bordeaux, 1863.)

Como se vê as leis de Deus são imutáveis e funcionam com o fim determinado de assistir e auxiliar o homem ao longo da estrada do progresso que palmilha pelas múltiplas encarnações e desencarnações.

 

Estatísticas sôbre suicídios.

 

Muito numerosos são os suicídios que acontecem no mundo. Fala-se estatisticamente de uma morte por suicídio em cada fracção de 40 segundos. Uma autêntica epidemia que se estende por todos os países com mais forte incidência nos países mais pobres, aonde o sofrimento relativo a problemas sócio-econômicos são importantíssimos.

800 mil pessoas cometem suicídio cada ano. E para cada caso fatal ha pelo menos 20 tentativas fracassadas. A Organização Mundial de Saúde (OMS), estimava em 2014 que até 2020 mais de 1,5 milhões de pessoas poderão cometer suicídio.

A pesquisa realizada mostra que, em números gerais, as nações mais pobres tendem a ter a maior porcentagem de vitimas, mas ha exceções. Por exemplo a Coreia do Sul que se situa em 3° lugar, na pesquisa, atras da Coreia do Norte e da Guiana, com uma taxa de 28,9 casos de suicídio para cada 100 mil habitantes. Os EUA e a Australia situam-se na média mundial, enquanto o Brasil fica abaixo, com 5 a 9,9 suicidas para cada 100 mil pessoas.

Mundialmente, as taxas de suicídio são altas em homens com mais de 70 anos, mas este acto horrível também é a segunda maior causa de morte no grupo de jovens situados entre 15 e 29 anos de idade.

A OMS alerta para que as autoridades tomem medidas preventivas, o que é apenas realizado actualmente em 28 países. E ainda alerta a mídia para que aja no processo evitando o sensacionalismo, quando fala de suicídio.

Estes números e as perspectivas futuras neste campo da vida e da morte humana, é aterrador. Consideramos que é de facto necessário levar a cabo um combate decisivo contra tal infortúnio e sobretudo elevar o nível de conhecimento e de cultura, e ao mesmo tempo encontrar para todas as faixas etárias as condições de vida e de laser, que permitam diminuir e pôr fim a uma tal epidemia mortífera.

 

Viver é a melhor opção!

 

Com toda a vénia publicamos extratos de um artigo publicado no jornal espirita brasileiro « Correio Fraterno » da autoria de Eliana Haddad : « O jornalista André Trigueiro lança pela editora Correio Fraterno o livro « Viver é a melhor opção – Prevenção do suicídio no Brasil e no Mundo ».

 

Porque falar sobre suicídio?

Porque é problema de saúde publica no Brasil e no mundo e quase ninguém sabe. Outra informação amplamente desconhecida é a de que o suicídio é previsível em 90% dos casos, quando ha intercorrência com patologias de ordem mental diagnosticáveis e tratáveis, principalmente o transtorno de humor, a depressão.

Apesar de tudo, permanece o tabu na sociedade e nas mídias. Suicídio continua sendo um assunto invisível, mesmo quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça o papel estratégico da comunicação para que se reduza o numero de casos. Os profissionais de saúde sabem que prevenção se faz com informação.

E preciso saber o que dizem os especialistas, mapear os riscos, identificar os sinais de alerta e procurar ajuda quando necessário. A informação correct apode salvar vidas. Essa é a principal contribuição do livro.

 

A que você atribui as intenções de suicídio?

« A uma dôr intensa, difícil de descrever. Os suicidologos reportam esse sofrimento com muito respeito e sugerem que se lhe dê o devido acolhimento. Ha, portanto, no universo das singularidades do suicídio, um traço em comum que é a vontade de sumir, desaparecer. E isso esta associado a um profundo desconforto com a vida. São muitas as razões e a melhor maneira de ajudar alguém nessa situação é oferecer uma escuta amorosa e, se for o caso, buscar ajuda especializada. »

 

Visão espírita do suicídio.

 

« Todas as grandes religiões e tradições espiritualistas do Ocidente e do Oriente se manifestam claramente contra o suicídio. Ha o entendimento de que o auto-extermínio afronta as leis de Deus e que não temos o direito de violentar abruptamente as condições que determinam a existência física.

O espiritismo, entretanto, vai além. Ha uma profusão de informações, dados e relatos que reportam a realidade so suicida no plano espiritual – porque em nenhuma hipótese o auto-extermínio propicia alivio ou solução para os problemas, muito pelo contrario – os impactos desse acto violento sobre as encarnações futuras, o sentido da dor e do sofrimento, e, principalmente, a confiança em Deus e na Providência Divina.

Ha um sentido para a vida, uma razão para estarmos aqui, e os eventuais problemas que todos nos – sem exceção – enfrentamos na vida oferecem preciosas oportunidades de crescimento e evolução espiritual. Por mais dolorosa que seja uma determinada situação, temos todas as condições de supera-la. A aflição e o desespero nos impedem de enxergar uma realidade inexorável da vida: tudo passa.

 

Como devem proceder as instituições espíritas.

O espiritismo oferece um precioso estoque de informações que não deixam duvidas sobre o equivoco do acto suicida. E preciso deixar isso bem claro, sempre. Pelo menos uma vez por ano recomenda-se que a prevenção do suicídio seja tema de pelo menos um seminário ou palestra publica na instituição. A casa espirita tem a função-escola, de promoção do estudo e da instrução de quem se interessa pela doutrina. Mas a casa espirita também é o espaço de acolhimento, do atendimento a quem precisa de ajuda.

Quando nos deparamos com alguma situação de emergência, além das preces, dos passes magnéticos, e das palavras que transmitem serenidade e equilíbrio, ha que se buscar o apoio do especialista.

Normalmente são psicólogos ou psiquiatras. No serviço publico, embora os (Centros de Atenção Psicossociais) tenham função de promover o « manejo inicial de pessoas que se encontrem sob risco suicida », os serviços de urgência/emergência ainda estão a cargo do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e da UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Precisamos de avançar muito em vários géneros de assistência, e isso também alcança os candidatos ao suicídio. »

 

Conclusão.

 

Estamos totalmente em fase com o pensamento e os escritos que vimos de dar a conhecer em cima. Pensamos e insistimos no facto de os centros ou casas espiritas, se prepararem e fornecerem informação e apoio, a quantos, indirectamente ou directamente, os procuram, seja primeiro através de um acolhimento digno e de muita atenção.

Seguidamente e através do relatório recolhido durante este acolhimento, de tirar as conclusões mais convenientes relativas à assistência médica e sobretudo nunca deixar de propôr o auxilio espirita, através da oração, do passe magnético e fluido-terapêutico, mesmo à distância, e do concurso mediúnico.

E possível que no inicio, seja algum familiar ou amigo, do eventual suicida, que venha contactar o centro, mas este facto muito normal, porque em muitos casos o eventual suicida, não entende a sua própria situação, nem o que faz viver à família, e até nega em estar alterado e necessitar de auxilio, sobretudo espirita. Nesta situação a tradição religiosa e os costumes ancestrais afastam-no do contacto espirita.

Sabemos por experiência, que devemos activamente e com paciência trabalhar em prol de quem sofre, de quem arrisca a vida, julgando libertar-se dos, tormentos de hoje. Nos sabemos, antes, que estes ainda serão mais intensos e complicados depois da morte por suicídio.

 
 


 

Bibliografia

 

Wikipédia, Pagina internet da OMS, o « Evangelho Segundo o Espiritismo », « Viver é a Melhor Opção… » de André Trigueiro, e « Correio Espirita ».