Evolução da matéria e o corpo humano.

O corpo humano é um laboratório no qual se completam, sem cessar, reações químicas muito intensas que dão origem a produtos variados; emanações, raios catódicos, raios X, elétrons que são poeiras atômicas em diferentes estágios de desagregação. Esses resíduos são eletrizados e constituem precisamente uma das mais grosseiras formas dessa substância fluídica, ainda material, de certa forma, mas chegando à imponderabilidade.

É, bem provavelmente, uma forma vizinha da desagregação carnal, que serve nas sessões de materialização para produzir essas aparições temporárias de objetos (tecidos, jóias, etc.), que desaparecem com a rapidez do raio, logo que cessa de agir a força que os engendrou.

O ensino de Allan Kardec sobre as criações fluídicas do pensamento recebe uma força nova pelas experiências feitas com os eflúvios das substâncias radioativas.

Com efeito, sabemos que o pensamento se traduz sempre por uma imagem; que essa criação mental pode exteriorizar-se sob a forma de desenhos, que possuem a propriedade de se imprimir sobre o corpo, produzindo modificações fisiológicas (sugestões de vesicatórios, sinapismos, queimaduras, etc.) e que esse desenho pode mesmo impressionar a placa fotográfica (experiência do Comandante Darget).

Sempre tenho sustentado que, para esse fenômeno ser possível, era preciso que a imagem tivesse uma realidade objetiva, isto é, fosse materializada.
É interessante assimilar que Le Bon pôde produzir materializações temporárias com os eflúvios de matéria dissociada. Eis o que ele disse a respeito:
“Se quisermos estudar os equilíbrios de que são suscetíveis os elementos de matéria dissociada, podemos substituir um corpo radioativo por uma ponta eletrizada em relação com um dos pólos de uma máquina elétrica.

Essas partículas são submetidas às leis das atrações e repulsões que regem todos os fenômenos elétricos.

Utilizando essas leis, poderemos obter, à vontade, os mais variados equilíbrios. Tais equilíbrios só poderão ser mantidos por instantes.

Se pudéssemos fixá-los para sempre, isto é, de maneira a que pudessem sobreviver à causa geradora, conseguiríamos criar, com partículas imateriais, alguma coisa que pareceria singularmente matéria.

Todavia, se não podemos realizar equilíbrios com coisas imateriais, podendo sobreviver à causa que os produziu, pelo menos podemos mantê-las um tempo suficiente para fotografá-las e assim criar uma espécie de materialização momentânea.

Utilizando unicamente as leis de que falamos atrás, conseguimos agrupar as partículas de matéria dissociada de maneira a dar a seu grupamento todas as formas possíveis: linhas retas ou curvas, prismas, células, etc., que fixamos, em seguida, pela fotografia.

As formas poligonais, representadas em algumas de nossas fotografias, não são, bem entendido, a reprodução de imagens plenas, porém formas possuidoras de três dimensões, das quais a fotografia só pode, evidentemente, dar uma projeção.

São, portanto, figuras no espaço que obtivemos mantendo momentaneamente, no equilíbrio que lhes impusemos, partículas de matéria dissociada.”

No dia em que os sábios se decidirem a estudar, cientificamente, os fenômenos psíquicos, eu lhes prometo algumas surpresas, mostrando-lhes que suas futuras descobertas tinham sido previstas por esses espíritas, de quem eles ignoram tão profundamente as doutrinas.

Um simples exemplo bastará para fazer ver que Gustave Le Bon – que está tão justamente orgulhoso de ter descoberto que a matéria retorna ao éter – não teve a primazia dessa idéia, porque ela se encontra claramente formulada por Allan Kardec, em seu livro A Gênese, numa época em que essa hipótese parecia uma monstruosa heresia científica.

Eis o que foi escrito, em 1867, pelo mestre:

 


Texto de Allan Kardec publicado na Revista Espirita em 1867