E se o nosso passado fala-se ? Mas, o passado fala em nos, por isso temos sônhos, sensações, imagens, emoções das mais diversas variedades e por vêzes lembranças de um pretérito que esta enregistrado na nossa memoria profunda. Esta memoria ja transpuz inumeras vidas, atravéz de numerosas encarnações, e nada se apagou, mesmo se o « véu protector do esquecimento » não nos permite, por ora, rasgar as fronteiras entre o ontem e o hoje.
Este véu constitui um mecanismo de protecção e defesa, necessario à defesa da integridade mental, psicologica, emocional e fisica do individuo. Sem este elemento protector, ficariamos sujeitos a perturbações, desequilibrios e desamores, ligadas ao nosso passado vivencial. Actos pretéritos onde se encontra a causa de muitos dissabores, então, por nos praticados.
A evolução humana, embora diversa segundo os sêres, nem por isso deixa de ter os seus limites e graus proprios, que se estruturaram ao longo das encarnações que fomos vivendo, e so assaz lentamente nos é possivel a desvinculação na medida em que alargamos a nossa consciencialização, do ser que sômos, e aceitamos a rectificação, atravéz do que chamamos provas e sofrimentos.
Neste fenomeno a existência da dôr constitui o despertar, a incitação à reflexão necessaria para mudar-mos de rumo e acertar quanto não esta bem, em função da capacidade de aceitação que nos é propria. Este dispositivo rectificador é da mais alta importância, tanto mais que a sua função é de nos levar ao conhecimento de quem sômos e porque é que assim nos encontramos.
Essa aceitação, mais ou menos grande, tem por fim de nos pôr em relação com a nossa propria entidade, a Alma que sômos, pois não podemos avançar em frente sem nos conciliarmos com esse passado, aceitando-o integralmente. A Lei de Causa e Efeito, funciona como um meio, uma alavanca, capaz de entendermos que nada fazemos que não tenha as suas consequências.
A reflexão necessaria unida à intuição, permite avaliar atravéz dos nossos pensamentos e sentimentos, e assim nos darmos melhor conta de quem sômos e em que estado nos encontramos. Tudo isto exige verticalidade, honestidade de analise sôbre a nossa propria personalidade, sem deixarmos de examinar as nossas tendências e dai avaliar as tradições que nos impregnaram até aos dias de hoje.
Quer no campo moral, quer no conviver social, fômos adquirindo tendências e habitos que fazem ser quem sômos e determinam nosso grau de progresso. Embora nos influenciemos mutuamente, ninguém podera fazer por nos aquilo que so a nos compete realizar. A caminhada é de todos, mas os passos que damos são individuais, sômos nos que os decidimos. Parar ou ir em frente, é nosso libre-arbitrio.
Embora no passado e ainda no presente, nos tenha sido dificil analisar para compreender quem sômos, torna-se évidente que a nossa expansão intuitiva aumenta e cada vez mais nos encontramos em condições de melhor nos conhecermos e saber quem sômos na realidade.
Ir ao encontro de si proprio, ai buscar e pesquisar todos os nossos automatismos, sem abdicar da exigência em que toda a analise assenta, para ser acertada e dar à pesquisa a validade e a infabilidade. Devemos agir connosco, da mesma forma que agimos quando se pesquisa de forma cientifica o passado da humanidade.
Dai a resposta à questão inicial que intitula o nosso escrito. Na verdade o nosso passado fala de nos e da-nos a chave para começar-mos a melhor saber quem sômos. Saber e conhecimento que se expandirão cada vez mais, ja que grau a grau a nossa sensibilidade se afina e entra em contacto com a sua propria realidade, assente nas actividades passadas que nos pertencem pois se encontram alojadas intimamente na consciência.
Conhece-te a ti proprio, saberas quem és e dai quem fôs-te !