CELA – Centro Espírita Luz e Amor – Centre Spirite Lumière et Amour. (1)
A Codificação constitui o alicerce do trabalhador espirita. Sem estudo e pratica, não desfrutaremos as belezas da doutrina. Continuaremos como quando frequentávamos os templos no intuito de cumprir tarefas religiosas e não para advirmos verdadeiros seguidores de Jesus. E auxiliando e estando junto dos doentes que encontramos a verdadeira essência da vida, que é a solidariedade. E junto deles que exemplificaremos o aprendizado dos princípios comportamentais e morais da doutrina.
Podemos, por exemplo não comer carne, mas respeitar aqueles que ainda dela se alimentam. Podemos não ingerir álcool, mas ser desagradáveis para com quem o ingere. Podemos ser espiritas, sem medo do ridículo, mas devemos recordar Jesus, que convivendo com viciados jamais se viciou.
Não queiramos converter à doutrina espirita aquela ou aquele que nem sequer a respeita, so porque queremos transmitir o que ela nos ensina. Nada é mais desagradável do que alguém que fala sem parar dos Espíritos, ou de mediunidade, e ainda do que se passa no Centro, para quem não quer ouvir.
O Centro espirita não é um hotel de trânsito, mas um local muito especial, que frequentamos, para sermos dignos das promessas de Jesus ; ninguém é detentor da perfeição pelo simples facto de frequentar um Centro espirita.
Se o fazemos e vamos a procura do remédio ou da solução, que limpa o perispirito, so seremos felizes se este fôr livre das deformações do remorso. Aquele que vai ao Centro espirita, jamais devera ouvir frases do género: “ mas você nem parece espirita…” E claro que não. Mas talvez que a pessoa procure conhecê-lo, através do estudo, na caridade e seguindo o caminho de Jesus. E so quando advir espirita autêntico é que não cometera actos que possam ferir alguém, como o de tentar, por incompreensão, forçar alguém a ser espirita, por exemplo.
Muitas pessoas até são favoráveis à questão dos Espíritos, são assíduas ao passe proposto no Centro. Outras exercem o passe. E até ha quem nos centros espiritas, pense que estes são como casas ou tendas aonde se realizam milagres, e sentem-se extremamente infelizes quando estes não se produzem. Na medida em que não possuem a fé raciocinada, continuam guardando tradições e crendices de ramos religiosos que ja seguiram.
Também ha pessoas, e não são poucas, que julgam o espirita como alguém que goza de privilégios, apenas porque frequenta um Centro espirita. A verdade é que cada um deve conscientizar-se da existência do seu mundo interior e que este deve satisfazer a fé raciocinada, servir o bem e o próximo.
Ao apresentar a Doutrina a outrem, particularmente a familiares, deve faze-lo em função da sua própria transformação moral e espiritual. Isto para que por sua vez os seus interlocutores respeitem a sua crença e se lembrem que amanhã será um novo dia e que Paulo de Tarso teve seu dia de gloria ; embora tenha sido o orgulhoso doutor da lei, mas percebeu que o Sinédrio ( supremo conselho dos Hebreus ) não correspondia à realidade e à verdade divinas, e afirmou aos Coríntios I, cap. XIII, versículos 1 a 9 :
“Eu posso falar a língua dos homens, e até a dos anjos, mas se não tiver caridade, será como o barulho do gongo ou como o tocar do sino. Posso ter o dom de anunciar mensagens inspiradoras, ter o maior conhecimento, entender muitos segredos, e até ter a fé necessária para fazer mudar montanhas: mas se não tiver caridade, eu nada serei. Posso dar tudo quanto tenho, até meu corpo pode ser queimado, mas se eu não tiver caridade, isso não adianta nada. A caridade não se alegra com o mal dos outros, e sim com a verdade. A caridade nunca desanima, mas suporta tudo com fé, esperança e paciência. A caridade é eterna. Ha mensagens inspiradas mas duram pouco. Existem no falar linguas desconhecidas, mas acabam logo. Ha ciência, mas também esta acabara. Porque nossos dons de conhecimentos e nossas mensagens inspiradas existem somente em parte.”
Estas palavras de Paulo deveriam ser afixadas nos Centros espiritas. Um não-espirita pode ignorar os pobres, mas se um espirita desejar somente os fenômenos e distanciar-se dos actos da caridade, será o mesmo que desconhecer Jesus, que nos apresentou a Caridade como sendo o único caminho para a salvação. Torna-se mais cômodo não praticar a caridade do que pôr os pés no caminho exemplificado por Jesus, que é o dos desprendidos, dos humildes de coração, enfim, de todos os que são bons e atendem a quem precisa. Um dos grandes problemas é a fraca capacidade para se assimilarem os ensinos do Evangelho, mesmo para frequentadores assíduos de Centros espiritas. Não adianta chegar até à doutrina se ela não penetra nossos corações. Ao conhecê-la devemos tudo fazer por pratica-la e respeita-la. Não basta frequentar um Centro, mas fazer deste o nosso lar intimo, aonde poderemos pôr em pratica a verdade e a caridade, o que nos ajudaria a diminuir largamente o numero de doentes, sobretudo nas equipas de mediunidade. Uma coisa advém de dia em dia mais clara, é que devemos estar alerta e mantermo-nos firmes na fé raciocinada, ser corajosos e fortes. Tudo fazer com préstimo e amor. Aproximam-se os tempos, para aqueles que batem à porta do Espiritismo, para conviverem com a mensagem viva e fidedigna de Jesus, trazida pelos Espíritos instrutores, o que não nos da o direito de brincar. Quem não deseja advir um operário de Jesus, é mais que claro que arrastara sofrimentos, devido as oportunidades perdidas.
A Caridade bem entendida significa auxiliar o pobre e indigente sem olhar quem ele é, senão o necessitado. Exemplificando a Caridade como a salvação, isso significa que esta não deve ser questionada. Jesus, aquando da multiplicação dos pães, não possuía um cêntimo e no entanto a sua fé era tal, que alimentou a multidão. A seguir na lição do obulo da viuva volta a oferecer uma bela lição de que mesmo o mendigo tem algo para ofertar. Depois expõe o caso do Bom Samaritano, no Evangelho de Lucas, cap. X : “Como é possível desaprovar a Caridade se a pobreza existe, porque nem todos têm capacidade para advirem ricos. A desigualdade das riquezas não existe entre os homens por castigo divino, e, sim, pela razão muito simples que nem todos são igualmente inteligentes, activos e laboriosos para adquirirem, nem são todos sábios e previdentes para conservarem ».
E para que não haja duvidas leia-se o capitulo completo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, “Não se pode servir a Deus e a Mamão” e veremos que aquele que não aceita ajudar o irmão (a) ou companheiro (a) e pense que se ele é carente é porque assim o quer, ajuíza bem mal da realidade da situação geral.
Poderíamos prosseguir nesta exposição fazendo referência aos ensinos do Evangelho e muitos outros exemplos nele se encontram, através dos quais estamos prevenidos, que um dos grandes males dos tempos actuais é o egoísmo, a avareza e o orgulho. Corações aonde estais ? !…
O Centro espirita constitui o fulcro não so dos ensinos morais de caridade e fraternidade, mas da pratica da assistência autêntica e maravilhosa. O futuro, exigira e apelara para os Espiritas, enquanto praticantes dos mais singelos princípios de confraternidade e amor. Os tempos da suficiência que até agora conhecemos, desde ha décadas, parecem afastar-se e outras exigências no campo da compreensão de situações acabarão por impôr-se aos nossos olhos e finalmente aos nossos corações.
O Centro espirita esta configurado para ser uma oficina de trabalho assistencial, na mais larga acepção do termo e para assistir em muitas frentes até agora insuspeitadas. A assistência aos seus próprios membros, particularmente os activos, não deve ser descuidada. Deveria ser uma questão tão natural quanto fundamental, sem ser preciso discuti-la.
No entanto, por experiência própria, conhecemos relutâncias em ajudar, como outras em aceitar ser ajudado (a). As entidades maledicentes e suas intentonas para intervirem junto de participantes e responsáveis pelas mais diversas actividades espiritas não nos são desconhecidas, dai os cuidados necessários.
1. Artigo enviado pelo « CELA – Centro Espírita Luz e Amor – Centre Spirite Lumière et Amour », em outubro 2014, para sua publicação em nosso site. Publicado originalmente em Enxertos – Informações de Espíritos para Reflexão, 2008, Les Editions Primaveris, pp. 6-11.