Introdução.
Já não é a primeira vez que falamos nestas páginas da reencarnação. Das pesquisas científicas levadas a cabo nesse quadro. Das conclusões a que chegaram um certo número de pesquisadores, dentre eles houve os que conquistaram, pelo trabalho sério desenvolvido, incluindo outras matérias, uma grande reputação internacional.
Eis-nos, então, de volta a este assunto que a nosso ver será determinante no futuro e que se encontra na base de um grande numero de fenômenos e acontecimentos societais. A multiplicidade das encarnações inerentes aos sêres vivos, isto é, a reencarnação, consiste num processo que sustenta os alicerces do progresso da vida e das comunidades humanas, desde as mais antigas até à sociedade actual. As diversas civilizações não se poderiam ter edificado sem o processo da reencarnação.
E este princípio fundamental da vida, defendido pela doutrina espírita, que lhes vamos demonstrar, com exemplos, reflexões e argumentos.
Casos de reencarnação.
1 – O caso das gémeas Pollock em Whitley-Bay na Inglaterra, é um dos mais significativos. Todos os domingos as famílias desta cidade, se apressam para ir à missa. No dia 5 de maio de 1957, as duas filhas Pollock, Joanna e Jacqueline, respectivamente com 11 e 6 anos, apressaram-se para salvaguardarem o seu lugar. Mas quando se encontravam numa esquina de rua, surgiu um coche puxado por cavalos, provoca um acidente, e dai a morte das duas irmãs. Triste acontecimento para os pais, que nem imaginavam quanto a morte delas teria como consequência estranha.
Um ano se passou. Os pais tiveram novamente duas gémeas, Gillian e Jennifer, nascidas em 4 de outubro de 1958. Com a idade de três anos ja falavam, e os pais iam verificando que alguma coisa estranha se expressava. Embora pareça incrível, as duas lembravam-se dos acontecimentos relacionados com a vida das irmãs, falecidas em 1957. Interessante, até conheciam a fundo todos os cantos da casa, e as pessoas mais idosas da vila. Tinham os mesmos hábitos e falavam como as irmãs. Uma dava mostras de ser mais adulta, e protegia a outra, que aceitava sem dificuldade o papel como se fôsse irmã mais nova.
Enquanto Gillian se lembrava da vida da irmã Joanna, falecida com 11 anos, Jennifer lembrava-se da de Jacqueline, aos 6 anos. Conheciam as brincadeiras e distrações delas e brincavam com as bonecas tratando-as com os mesmos nomes que as irmãs. Os pais as tinham ouvido falar do acidente ocasionado com as irmãs, dando os mesmos detalhes, como o sangue saindo das suas bôcas. Mas sobretudo, tinham a fobia dos veículos passando na rua.
Foi, então, que com grande e estranha exactidão, na idade de 5 anos, idade coincidente, na qual os cientistas marcam o limite das lembranças das vidas passadas, as mocinhas, deixaram de dar evidências dos comportamentos estranhos tidos até então. A repercussão deste caso foi tão grande acabou sendo publicado no livro European Cases of the Reincarnation Type (Livro Europeu dos diversos casos de Reencarnação).
2 – Gus Ortega, nasceu no Colorado-EUA, e dizia ter sido o seu proprio avô. Tinha apenas 18 mêses, quando começou a falar disso, dando detalhes específicos. E certamente um dos casos que mais convence sobre a reencarnação, e de tal maneira, que levou o professor Jim Tucker, psiquiatra na Universidade de Virginia, a estudar o seu caso. O avô de Gus, tinha falecido em 1993 de um acidente vascular cerebral. O avô não tenha conhecido Gus, que nasceu um ano depois da sua morte. Um belo dia o pai leva o menino a ver diversas fotos antigas. Ai, o pequenino olha-as uma por uma, e a determinado momento apontou para uma e afirma : « Oh… este sou eu ». Mas, como poderia ele saber ? No entanto o pequeno insistia falando de episódios da vida do seu avô, enquanto que o pai apenas tinha lembrança residual.
3 – Dilukski Nissanka, nasceu no Srilanka, seus pais pertenciam à maioria budista, detendo a palma dos casos mais significativos de reencarnação. O de Dilukski é certamente um dos mais fantásticos. Por isso foi analisado pelo Professor Erlendur Haraldsson da Universidade da Islândia. A jovem menina, com apenas 3 anos ja falava de uma vida passada e repetia incessantemente a mesma coisa.
Repetia este assunto, dizendo que não era filha dêles, deixava seus pais interlocados. Dizia ter tido outros pais numa outra aldeia e que tinha morado perto de Dambulla, distante de 6 horas, e que ali havia um rio, no qual havia caído, com uma ponte que o atravessava. Os pais lembram-se dolorosamente das suas afirmações, tanto mais que a filha dizia não se sentir membro da família.
Incessantemente a mocinha falava da outra vida pela qual teria passado, e da escola de Montessori. Quando comia e dormia com os outros. So falava da outra família, o que avivava um grande mal-estar na mãe. Um dia o pai sentiu-se irritado e corrigiu-a. Mas, nada a fazer, ela nunca se desmentia. Em determinado momento o caso chegou aos ouvidos de um jornalista que o publicou no seu jornal. Alguns dias depois os pais recebem uma carta de um senhor chamado Ranatunga que lhes dizia reconhecer na historia, uma sua filha morta, tal qual falava o jornal.
Visitando a família Ranatunga, Diluski, pelo caminho, não só reconhecia o sitio, mais dirigiu o chofer em direcção da sua antiga família. E em cada visita sentia-se muito à vontade e feliz junto dela. Chamava-se, então, Shiromi, tinha a idade de 6 anos quando caiu da ponte.
4 – Ian Hagedorn morava em Pensacola-EUA, tinha 6 anos de idade e era filho de Maria Hagedorn. O rapazinho afirmava ter sido policia em Nova Iorque, aonde morreu com um tiro. Declarava que numa certa noite entrou num prédio e defrontou-se com ladrões que o mataram. Era pai da mãe de Ian. Este, agora, sofria de uma doença cardíaca, rara, e quando fazia um esforço demasiado mais forte perdia os sentidos. Embora tenha sido submetido a seis intervenções cirúrgicas antes dos 4 anos, a artéria pulmonar esquerda não se desenvolvia, devido a um defeito de nascimento.
A mãe Maria, confirma o acontecido com seu proprio pai, policia, que de facto tinha morrido uma noite num prédio da Radio Shack. Depois de ser autopsiado confirmou-se que a causa da morte teve por consequência uma ruptura da artéria pulmonar devido a uma bala de revolver. Exactamente, na mesma artéria que fazia sofrer agora Ian.
Um dia a criança fazia demasiado barulho e a mãe repreendeu-o, a resposta do filho : « Quando vocês eram pequenos e eu era vosso pai, vocês faziam muito barulho e eu nunca lhes bati. » Dai, acabou por descrever um grande numero de lembranças sôbre o avô. Maria declara estar convencida de o filho ser de facto o seu pai, reencarnado. A relação entre a doença e a morte do pai, é de facto évidente. Jim Tucker, professor psiquiatra da Universidade de Virginia, tendo estudado um grande numero de casos de reencarnação declarou que o de Ian constitui um dos raros casos americanos com marcas évidentes de nascimento e de lembranças reunidas. Caso raro, mas real.
5 – Jammes Leininger (EUA)
Desde criança brincava sempre com aviões. Nada mais o interessava só os aviões contavam. Quando atingiu a idade de 2 anos, tudo mudou. Acordava de noite com muitos pesadelos relacionados com a aviação. Gritava, dizendo : « o avião esta em chamas ; a criança não consegue libertar-se de tais tormentos. » Os pais decidiram consultar a terapeuta Carol Bowman, que se dedicava ao estudo da reencarnação. Através dos seus métodos, conseguiu reavivar na memória do pequeno um grande numero de lembranças.
O menino afirma, ter sido piloto de caça e que o avião em que voava, um Corsário, tinha sido atingido por um tiroteio no motor do lado direito, pelos Japoneses nos ares da cidade de Iwo Jima. Que voava de conjunto com James Larson, o que o pai, depois de ter feito pesquisas, confirmou. A irmã do infeliz aviador militar James M. Houston Jr., confirmou frente a tantos detalhes dados pelo menino.
6 – Cameron Macaulay na Escócia foi um dos casos de reencarnação mais evidentes, estudado. Tanto assim que originou uma série publicada pela Discovery Channel sob o titulo « Histórias Extraordinárias » O caso foi estudado pelo professor Jim Tucker. O jornalista Giordano Cimadon da Sociedade Gnóstica faz a descrição seguinte : « Cameron tinha seis anos, e ja gostava muito de realizar desenhos. Um desses desenhos de sua preferência estava em relação com uma casa baixa, com uma frente branca, situada numa baia.
A mãe pergunta-lhe de que casa se tratava e o garoto responde-lhe : « E uma casa aonde residi com uma outra mamã, situada na Barra, ilha escocesa ». Esta ilha encontra-se a 260 km da sua residência actual. O garoto sentia-se preocupado na medida em que pensava que a sua antiga família deveria sentir a sua ausência. A mãe de Cameron conta que desde que ele aprendeu a falar, passou a ter por habito de lhes contar as aventuras vividas ali e lhes dava muitos detalhes sobre a tal casa.
Descrevia a sua antiga família, seus irmãos, as irmãs, e explicava como o seu antigo pai tinha falecido. Um dia na escola, a professora de Cameron chama os pais, devido ao facto de a criança andar triste e se queixar da ausência dos seus ex-pais e irmãos. O miúdo declarava sentir uma grande necessidade de brincar com as pedrinhas da praia e dizia que a sua casa actual só tinha um quarto de banho, enquanto que a outra dispunha de três.
E prosseguia dizendo que seu pai chamava-se Shane Robertson, e que este morreu devido a uma falta de cuidado, porque não olhou para os dois lados. No entanto, uma equipa de pesquisadores, entre estes Jim B. Tucker, da Universidade de Virginia-EUA, interessaram-se em fazer pesquisas. Embora a família se mostra-se pouco animada, sempre aceitou em acompanhar nessas pesquisas, tanto mais que a criança mostrava mesmo interesse. Logo que chegaram em frente da casa branca os pesquisadores e os pais nada lhe disseram, mas Cameron reconheceu-a imediatamente.
Reflexões e argumentos.
« O principio da reencarnação (1) é uma consequência necessária da lei de progresso. Sem a reencarnação, como explicar a diferença existente entre o estado social actual e o dos tempos bárbaros ? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas e tão primitivas quanto as que viveram ha miles de anos ; acrescentemos que não haveria, entre elas, nenhuma conexão, nenhuma relação precisa, seriam completamente independentes umas das outras ; porque é que as almas de hoje seriam melhor apetrechadas por Deus que aquelas que as haviam precedido ?
Por que é que compreendem melhor ? Por que é que beneficiam de instintos mais apurados, com hábitos mais apaziguados ? Por que é que têm a intuição de certas coisas sem a terem aprendido ? Desafiamo-lhes a sair desse dilema, a não ser que admitam ter Deus criado as almas com diferentes qualidades, segundo o tempo e o lugar, mas esta proposição é inconciliável com a idéia de soberana justiça. Pensem, antes, que as almas de hoje ja viveram em outros tempos mais longínquos ; que foram certamente barbaras como aquele tempo, mas que progrediram ; que em cada nova existência, trouxeram a experiência das anteriores ; que, por via de consequência, as almas dos tempos civilizados são almas que não foram criadas mais perfeitas, mas que se aperfeiçoaram, elas-próprias, no tempo, e assim terão a única explicação plausível da causa do progresso social. »
Conclusão.
Com a doutrina que pensa que as almas só vivem uma única existência, o progresso não pode na realidade explicar-se, as diferenças existentes entre diversas gerações não poderiam encontrar, também, uma explicação coerente e fundamentada. Os diversos níveis de inteligência existentes não poderiam ser entendidos. Seria necessário, então, admitir que Deus, não seria a Inteligência suprêma, nem a causa primeira de todas as coisas, nem seria justo para com a Sua Criação. E finalmente, se viesse do Criador, alguns seriam privilegiados relativamente aos outros. Um tal pensamento é tão incorreto quanto injusto. O progresso é uma lei da natureza. Todas as formas de vida, animadas e inanimadas, nele se encontram estreitamente ligadas, pela vontade do seu Criador que previu que tudo cresça e progrida.
Bibliografia
(1) Allan Kardec « A Génese » – Capitulo 11, página 200, alinea 33.