A morte, na visão espirita.

1. Definição

“A morte é um fenómeno biológico que transfere o ser para outra realidade, sem a interrupção da vida”. (Divaldo Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, in O Homem integral, pg. 180)

A mesma autora, na obra Em busca da Verdade (pgs. 267 até 267) cita Buda que afirmou: “O oposto de morte não é vida, mas renascimento”, porquanto sempre se está na vida, quer no corpo físico, quer no corpo espiritual.

A morte é, portanto, o término do fenómeno biológico, o encerramento de uma etapa orgânica, na qual todos os elementos constitutivos do corpo físico se diluem e se transformam sob a ação poderosa da química presente na Natureza. Desse modo, o significado psicológico mais valioso da existência corporal é a conquista valiosa da imortalidade, na qual se está mergulhado, mas que se torna lúcida e plena após a desencarnação.

Joanna de Ângelis reforça esta ideia, na obra já citada, afirmando que “a jornada humana no corpo deve constituir a meta plena para o reencontro com a vida total, considerando-se a imortalidade como a grande meta, definitiva; cada instante da viagem corporal representa oportunidade valiosa de crescimento iluminativo, investimento psicológico precioso para a conquista da saúde integral, aquela que procede do interior para o exterior”, isto é, do Espírito para o corpo.

A morte, portanto, em vez de temerária, é o veículo que conduz o ser imortal ao seu destino, proporcionando-lhe, quando terminados os renascimentos carnais, a total conquista do Self, do numinoso, da individuação, da felicidade plena.

2. Vitória sobre a morte

Joanna de Ângelis, desta vez na obra O Despertar do Espírito (pgs. 198 a 202), escreve que “Em todo o Universo, o repouso não existe já que o movimento incessante é a mola central do equilíbrio. Da mesma forma, todos os fenómenos biológicos encontram-se em intérmina alteração, através de cujo curso se alternam as moléculas, sem que se extingam”.

Esta é a teoria de que na Natureza nada desaparece, apenas tudo se transforma.

Relativamente ao ser humano, o aniquilamento com a morte é só aparente, porque o que é vivido na verdade é um processo transformador significativo, alterando o conjunto e modificando a aparência, experimentando as alternâncias da saúde e da doença, da infância, da juventude, da maturidade e da velhice, até ao momento da cessação dos movimentos e a consequente desorganização celular.

A morte é um meio para se adormecer e logo se despertar, cada qual conforme as condições adquiridas na experiência fisiológica precedente a esse momento.

Na obra Obreiros da Vida Eterna, Chico Xavier, pelo Espírito André Luíz, escreveu “Soube viver bem, para bem morrer”, a propósito de um irmão prestes a desencarnar que, sem ser médium, dedicou a sua vida ao bem e terá, portanto, uma libertação do corpo natural e agradável.

Ainda a este respeito, Divaldo Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, na obra No Limiar do Infinito (pg. 109) afirma que “é evidente que as vidas santificadas e os comportamentos equilibrados, a ausência, ou escassez das sensações grosseiras que prendem o Espírito ao corpo constituem facilidade para o desprendimento sem saudades, receios nem ansiedades (…)”. 

Assim, conforme os hábitos salutares, ou não, cultivados pelo desencarnado, a perturbação espiritual pode durar minutos até mesmo séculos.

Como ocorre no despertar após anestesia geral para tratamentos cirúrgicos, cada paciente recobra a consciência de acordo com as reações de equilíbrio que lhe são peculiares. No profundo tratamento cirúrgico que separa o corpo da alma, em proporções muito mais expressivas, o desertar é relativo ao estado mental e moral que for habitual no indivíduo.

3. Perspetivas sobre a morte

Na obra O Despertar do Espírito, Joanna de Ângelis lembra que “em todos os tempos, a morte mereceu cuidados e observações, tornando-se razão importante para o pensamento filosófico que, desejando brindar propostas sobre a vida, buscou-a para melhor elucidar os enigmas existenciais (…)”.

Psicologicamente, a morte parece significar a destruição, o fim que o ser humano teme como recurso nobre para preservar a jornada física. Quando a morte passa por um lar, torna-se detestada, por arrebatar o ser enfermo querido ou arrebanhá-lo cruelmente mediante a tragédia de um acidente, de um crime, etc…

Pensando-se na morte, em vez de supô-la como devastação e sombra, deve-se considerar como harmonia e luz, que são as naturais consequências da luta evolutiva.


Chico Xavier, pelo Espírito André Luíz, in Obreiros da Vida Eterna.

B.R. (CELAC – Lanhelas, outubro de 2018)