O que é a alma?
Perguntar o que é a alma, é de uma certa maneira inquirir o que é o Espirito, quem ele é, o que a qui faz e para onde vai quando o seu corpo declina e enfrenta a morte.
Estas perguntas levam-nos a fazer outras, se o Homem esta submetido ao nascimento, de onde ele vem. E ele uma simples associação de ossos e carne, ou seja um corpo, ou mais alguma coisa, ja que este Homem pensa, faz conjuncturas, associação e desassociação de idéias e pensamentos. Mas se o corpo material por si proprio não tem capacidade para pensar e refletir, combinar e calcular quem é que executa essas funções mentais ou psiquicas?
O Espiritismo ensina-nos que embora o Homem seja constituido de diversos corpos, os principais são o Corpo Carnal, o Perispirito ou Corpo Espiritual e a Alma ou Espirito.
O Corpo Carnal é constituido de todos os orgãos e funções necessarias ao contacto com a matéria. O Perispirito é o revestimento fluidico (invisivel a olho nu), a matriz do Corpo Carnal ao qual se liga por filamentos (também invisiveis) em correspondência com os diversos orgãos fisicos. O Espirito, a que certas correntes chamam vulgarmente de Alma é a Entidade Central, aquela que pensa, reflete e dirige todo o complexo dos três corpos principais.
Dizemos principais para facilitar a compreensão e porque foi esta a ordem de apresentação de Allan Kardec, sem no entanto deixar de prever para mais tarde a mais valia da ciência e das futuras descobertas, biologicas e quânticas.
Como vêmos o Espirito é a Força luminosa, a Energia pensante, imortal e eterna, que preside e da permanência ao Sêr e a Vida. Dai compreendamos que esta ja existe antes de renascer ou reencarnar, seguindo o processo da gravidez, comandando-o e aproveitando das condições materiais, morais e espirituais, dos pais e da mãe em particular, para se desenvolver e ao fim do processo, vir à luz.
Apos a morte a alma pode prender-se à Terra?
E claro que a morte, não impede a alma de se agarrar e ficar presa, seja a pessoas, seja a objectos, ou a um mundo de coisas, com as quais conviveu na Terra, durante a sua encarnação e passagem. Talvez que o seu agarramento esteja ligado a muitas outras vidas ou encarnações que ja tenha vivido anteriormente a esta ultima.
Muitas almas estão de tal maneira envolvidas pelo magnetismo da vida terrestre que acabam por ficarem prisioneiras das coisas ou pessoas com quem conviveram nas suas vidas enquanto Espiritos reencarnados. A atracção exercida pelas coisas materiais às quais se ligaram no curso de suas existências, o gosto por elas desenvolvido, o prazer latente, são elementos contribuidores para que essa atração e aprisionamento seja real e até dificil de vencer.
Muitas destas almas, pensam estar vivas, e e-lhes dificil acordar para a realidade post-mortem. E nõ compreendem porque não lhes dão atenção, não ouvem as suas perguntas ou não lhes respondem. Portanto ligam-se com facilidade aos encarnados, e até mesmo a sua conexão com eles pode ser bastante forte. Na grande maioria dos casos o sentimento de muitas pessoas de sentirem, ouvirem ou verem, essas tais almas para as quais a vida aqui ja se encerrou, é uma ligação ou conexão psiquica entre ambas.
A realidade desta atracção e agarramento ao mundo material, ao qual se vincularam, contribuiu para dificultar a sua entrada no Mundo espiritual mais subtil e dai o efeito de continuidade no estado de perturbação e sofrimento que alimentam e a dificuldade em poderem penetrar na relação com os Espirito do bem e os seus proprios guias.
Sabemos, atravéz da doutrina espirita esclarecedora, que quando o corpo é reclamado pela sepultura, é porque chegou o momento de a alma ou Espirito, enquanto ser imortal, voltar à sua patria de origem ou seja o Mundo do Espirito. E como também sabemos que a natureza funciona por Leis imutaveis e não da saltos, aqueles que alimentam aspirações e pensamentos fixos ligados a materialidade do mundo, mantêm-se no ambiente do planeta, embora ja estejam despidos da roupa que é o corpo.
Pode a alma se subtrair à sua prisão terrestre?
E claro que sim. Em todos os estados e condições em que a alma se encontre. Mas nesta situação as suas condições de libertação, serão longas e complexas. O atrazamento, moral e espiritual, que foi produzindo, por causa da sua relação cronica à materialidade, a estagnação a que se acolheu, vai necessariamente desenvolver um estado de congelamento ou cristalização dos seus parâmetros mentais e comportamentais.
E neste estado, tendem a repetir os padrões da ultima personalidade na Terra, com suas consequências no momento de transição, entre a vida material e a vida espiritual. Dificultam a passagem e dai se segue a perturbação, mais ou menos longa, que experimentarão.
Não são nada raros os casos de pessoas que sofreram um acidente de morte violenta e imprevisivel, e dai ficarem, tempos diversos, por vêzes longos, clamando por seus familiares, amigos, etc., sem no entanto se aperceberem que foram vitimas de um acidente e que ja não possuem o seu proprio corpo fisico. Nestes casos de morte rapida e tragica, as almas nesta situação não tem tempo de perceber o que aconteceu e a confusão em que se barafundam, vivendo o impacto de uma transição subita para a qual de nenhuma maneira foram preparadas.
Digo isto, não so por não usufruiram de preparação relativamente ao acontecido acidente, mas porque na generalidade ninguém as preparou para a imortalidade e a continuidade da vida no além-tumulo. Ou se preferirem em como esta existência, na mais é senão a continuidade da vida imortal do Espirito, aqui reencarnado. Esta falta de preparação é hoje, e cada vez mais, sentida por un numero crescente de pessoas. Até porque o grande numero de questionamentos relativos ao Sêr, à Vida, mais ou menos profundos, não lhes é dada resposta.
E aqui que intervém a explicação da Doutrina dos Espiritos, enquanto filosofia, ciência e moral, a qual nos descortina o futuro e o mundo do Espirito, dizendo que na realidade quando a alma desencarnada prisioneira à sua existência terrestre e se vincula a alguém, acaba por participar dos prazeres e da vida deste alguém.
Este alguém, sendo encarnado, nem sempre se da conta, e até acaba por ficar submetido à injunções, desejos, pensamentos e certas escolhas do desencarnado em desvairo.
Dai, que possa mesmo acontecer o facto da pessoa submetida a este tipo de Espirito, acabe por ser vimpirizada, que é o processo pelo qual lhe são extraidas as suas energias vitais. A conexão entre ambas resulta em geral nesta situação dificil e delicada. Até porque a alma ou Espirito que se liga as pessoas é como uma tomada atravez da qual vão passar a circular essas energias vitais de que ela necessita para se manter a nivel terrestre, pois seu proprio corpo, ja não lhas pode fornecer. Dai, a desvitalização, a fraqueza, a anemia, da pessoa assim vimpirizada.
E claro que existe um grande numero de situações que amarram as almas ao mundo material em que viveram. Dogmatismo religioso, céticismo asecervado, ignorância e concepções erradas quanto a existência da vida depois da morte e enfrentando a nova realidade no mundo espiritual, tão fortemente negada na vida terrena, preferem negar a nova condição. Não se acreditam mortos e podendo viver, pois sempre pensaram que nada mais sobrevive à morte do corpo.
Condições mais gerais.
Este ceticismo generalizado, sôbre a vida apos a morte pode levar a duas condições mais gerais : a primeira é aquela em que o Espirito experimenta um estado de perturbação pos-morte, uma firme negação da sua nova condição, o que lhe gera confusão e até desespero. A segunda é que muitos desses céticos associam-se a outros céticos, experimentando colectivamente a ideia que se encontram num mundo diferente, região estranha que ignoram como ali se encontram e porque meio até la foram, sempre julgando-se vivos.
Por isso reafirmamos que o fanatismo, a ortodoxia, o sectarismo, o dogmatismo e a estreiteza de conceitos, provocam grandes entraves à visão da realidade apos a morte.
Aquele que viveu encerrado no fundamentalismo religioso pensa que se morresse deveria ir para o céu, atingir o reino de Deus, que foi o seu objectivo aquando da sua vida ou passagem terrena. Pensa que merece salvação, e dai refugia-se na ideia que, apos a morte, deveria ser recebido pelo chefe representante do seu culto. Esta forma de aprisionamento é bastante corrente, no meio dos religiosos fanatisados, e cristalizados nessas suas concepções.
Também não é raro encontrar-mos Almas (Espiritos) que se encontraram de frente com as suas convicções religiosas, que nada mais são senão as suas proprias criações mentais que alimentaram quando se encontraram encarnados. E uma forma de envolvimento ilusorio nas formas do seu pensamento e do viver ao qual se arregimentou.
Também é certo que essas formas de ilusão lhe podem trazer algo de providencial, na medida em que a vida apos a morte, lhes permite alguma adaptação dessas crenças ao novo ambiente, enquanto não alcançarem estados mais sutis e reais para comungarem.
Tudas estas situações e condições de existência variam conforme a individualidade de cada alma. Porém devemos considerar :
– Dificuldade a não cumprirem seus roteiros encarnatorios.
– Tendência para suicidio e não realização de certos assuntos.
– Apego extremo à Terra e aos desejos e vicios materiais.
– Viciação ao alcool, fumo, comida, sexo, lazeres e prazeres diversos.
– Tédio da morte e continuação a nega-la apos o desencarne.
– Resistência a aceitarem que passaram pela transição e não têm corpo.
– Morte subita que lhes não deu tempo para se aperceberam da morte.
– Guardam odios e vingança em relação a alguma desafeição.
– Apego a pessoas queridas ou proximas, amigos, companheiros, etc.
– A carga de cepticismo é nelas demasiado forte.
– Morrem apos deficiências mentais e transtornos psiquicos.
Outros fenomenos ocorrem com estas Almas.
Não é desconhecido o caso de casas e de lugares assombrados. São historias, sim, mas com realidades que devem ser assinaladas. Certos Espiritos podem defacto, ficar afeiçoados a sua moradia na Terra, e ai se agarrarem. Outros ligam-se a sitios que lhes convém, e aonde se sentiram felizes. Outros unem-se a outras almas no intuito de se fixarem num local propicio a ai permanecerem.
Os factos de « casas assombradas ou mal assombradas, são numerosos. E aqui que reside o fundamento aonde se fixam almas perdidas e presas a locais especificos. Ocorrências bastante conhecidas pois estas almas recentemente desencarnadas ligam-se psiquicamente a pessoas que adquiriram a residência aonde tal ou tais almas viveram a maior parte da sua existência e passagem terrestre.
Em nossas experiências de mediunidade, de recepção e assistência, aos Espiritos, todas estas diferenciações marcaram a nossa actividade e estamos convictos que so a explicação, sincera e humilde, comedida, pode contribuir a iniciar um processo de esclarecimento eficaz e proveitoso para as Almas (Espiritos) em tais condições.
São estes requisitos que fazem com que o esclarecimento (doutrinação) do Espirito lhe abra perspectivas de mudança e consciencialização crescentes. Isto é para nos pratica da caridade e de iluminação interior que devemos iniciar e proseguir, até porque aquêle que esclarece os outros também se ilumina a ele proprio.
Observação : este artigo foi preparado para a EPADIS, baseado em estudos de obras espiritas e experiências levadas a cabo no grupo de mediunidade do Centro Espirita Luz e Amor – CELA.