Lemos em Léon Denis.

Ao sabôr das nossas leituras, de autores espiritas, tivemos a oportunidade de nos embrenharmos na obra de Léon Denis « Cristianismo e Espiritismo », (1) e ao chegarmos a pagina 209, vei-o-nos a idéia de compartilharmos a riqueza das suas reflexões e o estilo da sua escrita e a forma adoptada para divulgação da doutrina.

Eis, então: « A medida em que se desenvolve a Historia, à medida que se estende através dos séculos a imensa caravana da Humanidade, uma luz mais viva se faz em nos e ao redor de nos. A Potência invisível que do seio dos espaços acompanha essa marcha, conforme o nosso grau de evolução e compreensão, oferece-nos novos dados sobre o problema da vida e do Universo.

As revelações dos séculos passados fizeram a sua obra. Todas realizaram um progresso, uma sobre as outras, assim assinalando períodos sucessivos da Humanidade; mas já não correspondem às necessidades da hora presente, porque a lei do progresso opera sem cessar, e, à medida que o homem avança e se eleva, seus horizontes devem dilatar-se. Por isso uma dispensação mais completa do que as outras se efetua agora no mundo.

E necessário também recordar uma coisa, a saber: se cada época notável teve os seus reveladores; se espíritos eminentes vieram trazer aos homens, conforme os tempos e lugares, elementos de verdade e progresso, os germes pore les semeados ficaram estéreis, muitas vezes. Suas doutrinas, mal compreendidas, deram origem a religiões que se excluem e se condenam injustamente, porque todas são irmãs e repousam sobre duas bases comuns; Deus e a imortalidade.

Cedo ou tarde, elas se fundirão em vasta unidade, quando as névoas que envolvem o pensamento humano se houverem dissipado ao sol brilhante da verdade. Ao lado desses divinos mensageiros, muitos falsos profetas têm surgido. Pretensos reveladores têm que rido impor-se às multidões; doutrinas confusas e contraditórias se têm divulgado em proveito aparente de alguns, mas realmente em prejuízo de todos.

E por isso, para evitar abusos tais, que a nova revelação reveste um caráter inteiramente diferente. Não é mais uma obra individual, nem se produz num meio circunscrito. E dada em todos os pontos do globo, aos que a procuram, por intermédio de pessoas de todas as idades, condições e nacionalidades, mediante inúmeras comunicações, cujo valor tem sido submetido à mais rigorosa verificação.

Obra do grandes Espíritos do espaço, que vêm aos milhares instruir e moralizar a Humanidade, apresenta um cunho impessoal e universal. Sua missão é esclarecer, coordenar todas as revelações do passado, contidas nos livros sagrados das diversas raças humanas e veladas sob a parábola e o símbolo. A nova revelação, livre de qualquer forma material, manifesta-se diretamente à Humanidade, cuja evolução intelectual tornou-se apta para abordar os altos problemas do destino. Preparada pelo trabalho das ciências naturais, sobre as quais se apóia, e pelos conhecimentos lentamente adquiridos pelo espirito humano, fecunda esses trabalhos e conhecimentos e os liga por forte vinculo, formando um todo sólido.

A revelação cristã havia sucedido à revelação mosaica; a revelação dos Espíritos vem completa-la. O Cristianismo a anunciou (2), e pode acrescentar-se que ele próprio preside a esse novo surto do pensamento. Como essa revelação não se efetua pelo veiculo da ortodoxia, vemos combaterem-na as igrejas estabelecidas; o mesmo, porém, se deu com a revelação cristã, relativamente ao sacerdócio judaico. O clero se encontra hoje na mesma posição dos sacerdotes de Israel, há dois mil anos, a respeito do Cristianismo. Essa aproximação histórica deve fazê-lo refletir.

A nova revelação manifesta-se fora e acima das igrejas. Seu ensino dirige-se a todas as raças da Terra. Por toda a parte os Espíritos proclamam os princípios em que ela se apoia. Por sobre todas as regiões do globo perpassa a grande voz que convida o homem a meditar em Deus e na vida futura.

Acima das estéreis agitações e das discussões futeis dos partidos, acima das lutas de interesse e do conflito das paixões, a voz profunda desce do espaço e vem oferecer a todos, com o ensinamento da Palavra, a divina esperança e a paz do coração.

A revelação dos tempos preditos. Todos os ensinos do passado, parciais, restritos, limitados na ação que exerciam, são pore la ultrapassados, envolvidos. Ela utiliza os materiais acumulados; reune-os, solidifica-os para formar um vasto edifício em que o pensamento, à vontade, possa expandir-se. Abre uma fase nova e decisiva à ascensão da Humanidade.

 


 

Bibliografia

 

(1) Léon Denis – « Cristianismo E Espiritismo » Departamento editorial da FEB – Brasil – 10a edição. De 11.1994. Tradução para português de Leopoldo Cirne.

(2) « E eu rogarei ao Pai, e ele vos dara outro Consolador, para que fique eternamente convosco o Espirito de verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê nem o conhece ». (João, XVI, 16, 17).