Introdução.
« O uso do alcool enquanto bebida é tão antigo quanto a própria Humanidade. (1) Beber moderada e esporadicamente faz parte dos hábitos de diversas sociedades. Determinar o limite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de alcool e o alcoolismo (síndrome de dependência do alcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.
Estima-se que cerca de 10% das mulheres e 20 % dos homens façam uso abusivo do alcool ; 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam a síndrome de dependência do alcool ou alcoolismo. Sabe-se também que o alcool esta relacionado em 50% dos casos de morte em acidentes automobilísticos, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios. Frequentemente pessoas portadoras de outras doenças mentais (por exemplo, ansiedade, pânico, fobias, depressão) apresentam também problemas relacionados com o uso do alcool. »
Estes dados demonstram o papel do alcool ingerido enquanto bebida, e sobretudo vêm por a ôlho nu os acidentes e os estragos que promove, sem distinção, embora com maior incidência nos homens, entre homens e mulheres. E é destes estragos que vamos falar com os nossos leitores expôndo o ponto de vista citado no livro » Fisiologia da Alma » recebido mediunicamente pelo médium brasileiro Hercílio Maes com instruções ditadas pelo Espirito Ramatis, com o titulo : O vicio do alcool e suas consequências.
Ponto de vista de um Espírito (2).
P. – « No conceito dos habitantes de vossa esfera espiritual, o alcool é também considerado como um dos grandes malefícios da Terra?
Ramatis : – Em nossa esfera espiritual não consideramos a industria do alcool como um malefício, mas sim como incontestável beneficio para o ser humano. O vosso mundo deve muitos favores ao alcool, pois é elemento de grande utilidade. Ele serve para a fabricação de xaropes, tintas e desinfectantes; move motores, alimenta fogões, ilumina habitações, higieniza as mãos, desinfecta as seringas hipodérmicas, e as contusões infeccionadas; limpa os moveis e as roupas, extrai manchas e asseia objetos, destrói germes perigosos e enriquece os recursos da química no mundo.
Usado com parcimônia nos medicamentos, estimula o aparelho cardíaco, ajuda a filtração hepática e desobstrui as veias atacadas pelas gorduras, nos homens idosos. O abuso na sia ingestão é que merece censuras, pois avilta, deprime e mata, embora sejam fabricadas com êle as mais variadas bebidas que se apresentam com reclames pomposos.
O alcoólatra, seja o que se embriaga com uísque caríssimo ou o que se entrega à cachaça pobre, não passa de um « caneco vivo », pelo qual muitos espíritos desencarnados e viciados se esforçam para beber « etéricamente » (fluidicamente) e aliviar a sua sêde ardente de alcool. Muitas vêzes o homem se rebela contra as vicissitudes da vida humana e por isso entrega-se à embriaguez constante, mas não sabe que as entidades astutas, das sombras, o seguem incessantemente, alimentando a esperança de torna-lo o seu recipiente vivo ou seu tentáculo absorvente no mundo carnal.
P. – « Quer isso dizer que todos os beberrões desencarnados vivem à cata de « canecos vivos », na Terra, para poderem saciar o seu vicio ; não é isso mesmo?
Ramatis : – « São poucos os encarnados que sabem do terrível perigo que se esconde por detrás do vício do alcool, pois a embriaguez é sempre uma das situações mais visadas pelos espíritos viciados que procuram a desejada « ponte viva » para satisfação de seus desejos no mundo da matéria. Os espíritos desencarnados e ainda escravos das paixões e vícios da carne – em virtude da falta do corpo físico – são tomados de terrível angustia ante o desejo de ingerir o alcool com o qual se viciaram desbragadamente no mundo fisico.
Devido a fácil excitabilidade natural do corpo astral, (perispírito) esse desejo se centuplica, na feição de uma ansiedade insopitavel e desesperadora, como acontece com os morfinômanos, que so se acalmam com a morfina! E um desejo furioso, esmagador e sádico; a vítima alucina-se vivendo as visões mais pavorosas e aniquilantes! E quando isso acontece com espíritos sem escrúpulos, êles são capazes de todas as infâmias e torpezas contra os encarnados, para mitigarem a sêde do alcool, assemelhando-se aos mais desesperados escravos do vicio dos entorpecentes.
Os neófitos sem corpo fisico, que aportam ao Além ardendo sob o desejo alcoólico, logo aprendem com os veteranos desencarnados qual seja a melhor maneira de mitigarem em parte a sêde alcoólica. Como ja temos dito por diversas vêzes, depois de desencarnadas as almas se buscam e se afinizam atraídas pelos mesmos vícios, idéias, sentimentos, hábitos e intenções.
Em consequência dessa lei, os encarnados que se viciam com bebidas alcoólicas passam também a ser acompanhados de espíritos de alcoólatras ja desencarnados, ainda escravos do mesmo vicio aviltante, que tudo fazem para transformar suas vitimas em « canecos vivos » para saciarem seus desejos.
Em geral, os infelizes alcoólatras ao deixarem seus corpos cozidos pelo alcool nas valetas, nos catres dos hospitais ou mesmo em leitos ricos, aqui despertam enlouquecidos pelo desejo desesperado de satisfazer o vicio. Quando se defrontam com a realidade da sobrevivência no Além-Túmulo e compreendem que a vida espiritual superior exige a libertação do vicio degradante, desesperam-se e negam-se a abdicar do seu desejo pervertido.
Apenas um reduzido numero dêles se entrega submisso à terapia do sofrimento purificador e consegue resistir ao desejo mórbido, para lograr a maior eliminação possível do eterismo (fluido) toxico remanescente, do alcool, e então recebe o auxilio dos benfeitores e é ajudado a vencer a fase mais cruciante após a sua desencarnação.
Certas almas corajosas e decididas, depois de se desligarem completamente dos desejos do alcool, entregam-se ardorosamente ao serviço de socorro aos alcoólatras, junto à Crosta, (na vida reencarnada) não só influenciando-os para que deixem o vicio, como cooperando nos ambientes espirituais e junto às instituições religiosas, conduzindo para ali doentes e sofredores alcoólatras a fim de inspirar-lhes a mais breve libertação do domínio do terrível adversário.
Eis o motivo por que alguns médiuns videntes verificam, surpresos, que, enquanto alguns espíritos de ex-embriagados cooperam nos seus trabalhos mediúnicos, outros ainda rebeldes e inconformados preferem aviltar-se ainda mais na execrável tarefa de preparar « canecos vivos » que, na superficie da Terra, operem escravizados para satisfazerem aos seus desejos.
Bibliografia
(1) Esta introdução resulta de um artigo escrito pelo Prof. Dr. Mario R. Louzã Neto publicado na internet CRMSP – Psiquiatria – Psicanálise, do qual extraímos algumas notas.
(2) Artigo por extenso do livro « Fisologia da Alma » da autoria do Espírito Ramatis e recebido pelo médium Hercílio Maes, pag. 108 a 110.