Fala-se muito em fazer bem, é claro que é muito mais positivo falar dessa forma no bem do que falar e fazer o mal. Mas fazer bem uma vez ou outra é uma coisa, é uma optima acção, é evidente, agora praticar o bem em continuo ascendente ja não parece assim tão facil.
O bem so encontrara raizes em nos quando estivermos em capacidade de o praticar com perseverança. E é pela sua pratica continua que acabaremos por ser homens de bem, Espiritos que por essa pratica vão integrando a direcção e o exemplo dado, no seu tempo por Jesus : « Eu sou, o caminho, a verdade e a vida ».
Ora, é claro que em nosso patamar actual, estamos ainda longe de levar a cabo unicamente a pratica do bem. Em muitas oportunidades ainda sômos levados a praticas pouco ou nada sãs, confusas, acções em meia côr. Quantas vêzes nosso pensamento ainda resvala para aquele preponderante, « conforme me fazes, assim te responderei », o assédio desponta no primeiro instante, ora, aqui esta o no da viragem necessaria : « faças o que faças, sempre te responderei com veemência e caridosamente.
Compreendendo o que é fazer mal e fazer bem, distinguindo nitidamente o que nos deve determinar nas nossas acções e procedimentos, sentindo de imediato e sem concessão a realidade com que eventualmente estamos a ser confrontados e conscientes do que devemos dizer e fazer, não enveredaremos pelo sentido a que nos estão convidando, porque tal significa resvalar e cair no desdenho da benevolência e da perseverança, em que o bom senso, enquanto segunda voz que nos fala, se empenha a nos guiar.
Vivemos uma situação em que precisamos de nos clarificar, dai a noção das duas vozes, alguém dir-vos-à tentações, não importa, o que é determinante é que entre essas duas noções, venha o bom senso pesar para o lado melhor, no qual nos sentiremos mais alegres e mesmo jubilosos, porque reagimos com o bem e dêmos-lhe o lugar que merece ter em nos.
Procuremos sempre consciencialisar-mo-nos, pesando tudo, os nossos pensamentos e os nossos intentos, antes de afirmarmos a decisão ultima, na qual devera intervir a clareza e a nobreza de sentimentos. Alguém retorcara, mas muitas vêzes dizemos ou fazemos alguma coisa sem termos tempo de analizar e pôr na balança, o que devemos fazer por melhor ? Sim, concordo que essa ainda é a nossa realidade, mas sabemos que uma outra possibilidade se nos oferece, cuja pratica, talvez lenta de inicio, mas que advira mais precisa e massiva, que é a vontade firme, custe que custe, de perseverar na pratica do bem.
Justamente, não sômos perfeitos e, por isso mesmo, precisamos de praticar conscientemente as nossas acções e nunca desviar do cadinho desta necessidade de analisarmos tudo o que pensamos e o que fazemos. Neste exercicio sistematico o que agora nos aparece dificil e caotico, logo, amanhã, vai crescendo, tomando um lugar cada vez mais expressivo e lato, nos automatismos da nossa expressão moral.
Vivemos durante muitissimo tempo adormecidos, para a pratica do bem e sem uma noção bastante profunda, da distinção entre o bem e o mal, mas a experiência adquirida atravéz do renascimento, em diversas épocas, ao longo dos séculos, preparou-nos a exercermos uma mais larga vigilância, nos nossos designios, dai nos encontrarmos em condições, senão de unicamente praticarmos o bem, pelo menos de saber anotar quando este deve ser praticado.
E obra de aperfeiçoamento que nos permite esta noção cada vez mais automatica e clarificante. E dela que nos devemos servir sem exitação, uma vez que compreendemos quanto a pratica do bem nos é util, enobrecedora e rica em bem-estar. Quem ja não se sentiu bem e alegre por ter auxiliado e praticado uma ou mais boas obras ? Quem ? Isto, mesmo se por vêzes o beneficiador não fez boa utilidade daquele beneficio recebido.
E altamente judicioso dar o melhor de si, repartir o que tem de melhor, fazer com que à nossa volta, alguém ou muitos outros se sintam bem, talvez felizes por quanto receberam, da nossa parte e dai em diante se aproximem de forma diferente de nos e nos tenham em maior consideração. Penso ser esta a asserção de Jesus quando falava do exemplo a dar e a seguir.
Tanto mais que acrescentava sempre que preciso este outro ensinamento de alto valôr : «… não faças aos outros, o que não queres que te façam ». La esta a resultante, não responder com a mesma arma, particularmente quando nos combatem ou defrontam, nas nossas praticas.
Isto é tão profundamente importante e decisivo que o mestre completava o seu ensino : « perdo-a e ama o semelhante como a ti-mesmo ». Nenhuma filosofia ou modo de encarar a vida, o nosso relacionamento social, alcançou uma tal força, um tal profundo ponto de vista : perdoar e amar. Isto também porque não ha amor, sem perdão. Mas uma vez que o perdão é aplicado sinceramente, com toda a energia e convicção, nada mais, nenhuma barreira, se pode opôr ao reforço da amizade e do amor para com o nosso semelhante e irmão.
Esta ultima condição que vimos de enumerar, é a que nos parece ser decisiva e fundamental na pratica de fazer e perseverar no bem. Vos que me ouvis, e que estais atentos a tudo quanto vos venho falando, sabéis muito bem que este é o sentimento que melhor se coaduna com o vosso parecer, com aquilo que mais desejais nas vossas relações e nas vossas convivências, junto daqueles que mais amais, maridos, esposas, filhos, pais, amigos, companheiros, etc.
E defacto bom que assim seja, porque se ja estais convencidos que assim é, então ja deste um lindo passo em frente, continuai, porque esse é o caminho que melhor se coaduna com o vosso sentir e com o vosso amadurecimento moral e espiritual. Convido-vos a porseguir por essa reta, esse estradão, que seguramente vos dirige e aproxima da grande e excelsa meta finalizadora que é o reino do Senhor, a Fonte Suprema, que nos alimenta e engrandece em todos os dominios em que nos empenhamos.
Nunca vos arrependais de fazer o bem, porque é altamente reconfortante, é fluido que se estende e envolve, para dar força e curar as mais rudes e maléficas feridas. O Bem é produtor de unguento benfeitor, balsamo de esperança, multiplicador da fé, sobretudo em nos, almas sedentas e mal alimentadas na pratica constante do bem. Perseveremos e dai extrairemos os mais brilhantes tesouros para enriquecimento da nossa Alma.
A partir deste momento, estaremos seguros que nada que possa vir para nos ofender, sera indiscutivelmente e automaticamente expelido para longe de nos, nenhum dardo nos podera atingir e ferir, a nossa aura ja estara a exercer a sua protecção magnética e à nossa volta a perturbação, sera desviada e porseguira noutros sentidos, ira terminar no seio das energias que a destruirão. Ouviremos, então o cântico dos cântocos : « Vinde a mim, meus filhos, porque o meu reino vos pertence ».