Estará o aperfeiçoamento ao nosso alcance?

« Estará o aperfeiçoamento ao nosso alcance? » Esta é certamente uma das perguntas mais assíduas, sobressaindo da mente de quem pensa e deseja enveredar pelo longo e paciente caminho do aperfeiçoamento.

Ora o aperfeiçoamento, isto é a caminhada em frente rumo à perfeição, só começa a ter uma existência real quando o Homem se apossa dela e entende fazer que advenha a ferramenta adequada à sua transformação. Até aí, ela não parece ser deste mundo, tal qual o mundo se apresenta hoje.

Uma das situações mais importantes é a tomada de consciência, pelo homem, da sua necessidade de mudar, rumo ao aperfeiçoamento. Embora desde os tempos mais remotos tenha sido esta a via da Humanidade, nem sempre esta questão foi pensada pela grande maioria das pessoas. As velhas gerações viveram de conformidade com os sus hábitos, as tradições e as condições, materiais e morais que se foram estabelecendo fruto de mudanças e transformações sócio-ambientais.

Mas a necessidade, de se alimentar, enquanto força natural, levou à procura de alimentos e de meios de transformação dos elementos existentes na Natureza afim de servirem essas necessidades humanas naturais. Dai em diante o Homem jamais cessou de progredir, agora no campo material e o tempo passando, passou desta necessidade para a de se mudar interiormente.

A própria vida com os outros membros da tribo e da comunidade, levou ao estabelecimento de normas de entendimento e procedimento social, que interviram no quadro relacional individual e colectivo. Só lentamente e pouco a pouco, passando das relações tribais para outras mais largas e exteriores à tribo, é que se alargaram as necessidades de mudança individual e o sentir do aperfeiçoamento como meio de responder às necessidades que se iam instaurando e exigiam dos indivíduos esforços e investimentos nesta ordem de coisas.

Ora, depreendemos, que se de uma forma natural ou atraído pelas suas necessidades sociais, os Homens progrediram e se aperfeiçoaram, nas mais variadas situações e encontraram respostas para as necessidades com que se foram defrontando, desde sempre, é lógico e normal, que função das épocas e do aperfeiçoamento alcançado, respondamos afirmativamente à questão de sabermos se « estará o aperfeiçoamento ao nosso alcance ».

 

O Homem e a sociedade, ontem e hoje.

 

Muitas foram as situações e as condições que permitiram ao Homem (indivíduo) e a sociedade dos Homens (colectividade) de se forjarem desigualmente, devido as disposições pessoais, primeiro, na sociedade tribal, depois, e desta na comunidade alargada, juntamente com a união de pessoas de outras origens e tradições, de se fomentar a idéia do aperfeiçoamento, ja que este estava implicado na diversidade e no alargamento das relações sociais.

Mas, bastaram as condições sociais da vida terrestre para incentivar e levar à tomada de consciência, de um homem cujas noções de vida apenas se limitavam à vida terrestre e não implicavam a vida além da matéria, isto a sobrevivência espiritual, ou seja da entidade ou Espirito?

Esta é certamente a tomada de consciência mais extraordinária da vida do Homem. Saber que ele se movimenta, agora, na vida terrestre e continua sua acção e movimento depois da morte, porque é imortal e o Espirito subsiste para além du túmulo, que apenas serve o corpo que se esvai da força da vida e depois molécula a molécula se desfaz e desaparece no seu retorno à terra.

 

O Homem Espírito.

 

Imaginamos que durante milênios a consciência do Homem no que respeita à sua entidade, ao saber de quem ele era, de onde vinha, o que fazia neste mundo, e para onde se dirigia, após o fenômeno da morte, era bastante confusa e rudimentar. Só o aumento da sua capacidade de raciocinar, de refletir sobre ele-mesmo e de tentar saber quem era, é que ao longo de milénios lhe deram a possibilidade de observar a Natureza que o envolvia, e através dos fenómenos que esta lhe apresentava e repetia o amadureceram para essa tomada de consciência.

Nada lhe foi permitido sem esforço, pois que as leis naturais que regem as vidas na Natureza terrestre, favoreceram, o desenvolvimento intelectual, mas só este é que podia ascender a novos rumos e novas compreensões da vida, do Homem e dos outros sêres existente e vivendo a seul lado. Dai o aparecimento das diversas catalogações das diversas formas de vida e depois o aparecimento e transformação destas em campos diversos da ciência.

Mas, ainda aqui, a luta foi e continua acérrima, constante e criadora de sistemas para compreender e situar vida em constante mudança, desmoronando uns os outros em permanência. A luta pela verdade, o conhecimento das coisas e dos sêres apresenta uma dinâmica e um voltijar, que não da tréguas ao pensamento e ao experimentar ; na procura por essa verdade da qual falamos. A Vida exige um Caminho e este leva à Verdade.

Sendo Jesus um Espirito de alta estirpe, conscientíssimo da sua individualidade e da missão de que estava incumbido, dizia : « Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida » De facto, todos os seus actos, todos os seus ensinos, tinham a sua raiz na verdade, que nos foi revelando, conforme as capacidades, intelectuais e morais dos Homens do seu tempo. A sua missão, não foi a de um simples cientista, na ascensão actual desta palavra, mas mais que isso, foi a de condutor dos Homens, pela palavra (o saber) e pelo exemplo, (actos correspondentes aquele saber).

De Jesus podemos dizer ter sido um sábio, um filosofo, sem comparação alguma. Só a sua capacidade de sintetizar os seus ensinos por parábolas é a demonstração mais clara e indesmentível da sua qualidade de líder celestial, Espirito experimentadíssimo, encarnado para auxiliar e impulsar a Humanidade do seu tempo, para caminhos e rumos insuspeitáveis. Cujas qualidades desenvolvera, durante tempos remotíssimos, na qualidade de Espirito imortal e altamente experimentado.

Jesus, é sem duvida o exemplo mais atinente e a resposta mais acentuada, à pergunta que fazemos. Por Ele compreendemos que o aperfeiçoamento é possível e que todos os esforços do Homem devem servir ao seu proprio aperfeiçoamento. De resto, a sua explicação, referente à imortalidade e à necessidade de Homem, (Espirito) se reencarnar e viver uma multiplicidade de existências, não podia ser explicada sem um fim util para o progresso e o aperfeiçoamento. Outra feita, apenas seriam palavras deitadas ao vento, com o que não concordamos, e apenas nos servimos para exemplificar e demonstrar o seu capital e a sua missão.

Todas as gerações terrestres, mesmo as dos tempos mais remotos, a que temos acesso historico, tiveram os seus condutores e sábios, em razão das suas necessidades e da possibilidade destes contribuírem para o progresso e  aperfeiçoamento dos seus concidadãos, de então. Em vista disto, deduzimos e repetimos, que o aperfeiçoamento esta relacionado com o grau de consciencialização do indivíduo e da sociedade, na qual se encontra inserido. E esse aperfeiçoar é comum, enquanto lei natural, a todos os sêres, e de uma maneira racionalizada e mais acelerada no estado Hominal.

Malgrado o aperfeiçoamento atingido pelos Homens de hoje, os nossos maus instintos mantêm-se como marca e resultado da imperfeição que ainda vigora no Espirito que sômos. E repetimos que essa mudança, esse aperfeiçoamento depende de cada um de nos, isto porque todo o Homem que goza das suas faculdades, e especialmente da liberdade de fazer ou não seja o que fôr, somente o que lhe pode faltar é a vontade, a resolução e o querer, o que sera fruto do seu treino em querer.

Sendo o Homem um sêr moral, o que significa ter a capacidade de analisar e medir em função dessa capacidade moral, o que é e deve ou não fazer. Reconhecemos, por exemplo, se um acto é bom ou não quando este é praticado fora da caridade, ja que esta se encontra na base de toda a moral autêntica. Devemos viver com os Homens da nossa época e as situações que lhe são próprias, dai o não sermos indiferentes às misérias e aos sofrimentos dos tempos actuais. Sômos solicitados em alma e consciência pelo sentimento do dever que nos da a fé e a certeza que qualquer desvio moral do caminho recto, contrario ao sentido cristico, outra feita nos tornaremos culpados de nada ter feito, nem de nos termos implicado, impedindo crimes contra a Humanidade e estes são na actualidade correntes e numerosos.

E deste caso de não implicação que nascem os sentimentos de culpa, os sofrimentos que lhes correspondem, no circulo individual e social. E quando não aparecem imediatamente, em muitos casos são as causas de sofrimentos que irrompem anos depois, atingindo aqueles que praticaram o desdém e os actos irreverentes. Num determinado momentos as feridas são invisíveis ou apenas perceptíveis, mas o tempo passando, as reencarnações aumentam e com elas irrompem na cena da vida os mesmos Espíritos implicados em tais crimes e agora em situação de reparação.

Estes métodos de alivio e reparação, contidos nas leis maiores da vida, pedem a nossa contribuição, a compreensão, a solidariedade e sobretudo a intervenção activa, afim de auxiliar, de amparar, para aliviar, e contribuir a desfazer as dividas contraídas.

Na época actual vivemos a braços com um numero significativo de sofrimento, devido as mais diversas violências, que se produzem na sociedade e dai as dôres que marcam as vidas e as caras dos sofredores. Os maltratos são correntes, em todas as idades, como a violação, moral e sexual, de mulheres, de homens, de todas as idades e em todos os meios sociais. O mêdo estampa-se em muitas caras, porque a pessoa psíquica foi de tal maneira abalada que as suas feições produzem as marcas azedas do maltrato e a carência de respeito, de doçura e de amor.

O estupro é uma das características e sinal dos tempos em que penetramos. Esta violência da-nos a medida da falta de educação, e de aprimoramento moral, reinante na sociedade. Todos os valôres existentes e de uma certa forma produtores de uma relativa acalmia nas relações humanas, deixaram de ter assento. A educação moral da época anterior embora service então, deixou de ser valida hoje e não oferece nenhum seguro nem se presta às necessidades de agora.

O que de uma certa forma fora denunciado como pratica corrente e imoral em certos países e continentes, acabou por ser a marca das sociedades ocidentais, aonde nem a moral dita cristã, é agora suficiente para deter o crime e as praticas mais indecentes e horripilantes. Este desmoronar dos princípios que nos guiaram deverão ser repensados e novos métodos assentes numa moral nova, adequada às necessidades dos tempos actuais devera vir à luz do dia.

 

A sociedade numa nova civilização.

 

Sendo o Homem um Espirito reencarnado, é lógico que a educação que adquira hoje leve em conta não só as implicações morais dos grandes avanços e das imensas descobertas tecnológicas, mas também no que lhe toca enquanto pessoa e ser. Ja não podemos falar do Homem como um corpo, sem falar da sua Alma, do Espirito que é. Da vida e da morte às quais esta sujeito e deve tratar, estudar e saber, para melhor se conhecer.

Ora, a ciência, todos as ciências, e mais particularmente as que se ocupam da sociedade e a política, estão incumbidas por ordem natural das coisas, entre outra o quadro evolutivo actual, de se apropriarem os grandes temas e princípios filosóficos da imortalidade da vida e da sua transformação através do progresso. De nada serve, antes pelo contrario, de querer deter a roda do progresso presente na vida. Devemos obrar para este!

Avançar, progredir ou estacionar e perecer, no olvido da historia e da Vida. Como não acreditamos que uma tal posição colectiva possa vir a existir, deduzimos que o progresso encontrara sempre os meios da sua própria realização e cumprimento. Sendo este uma Lei Natural, nada, nem ninguém o pode estancar e paralisar indefinidamente. Aqueles que assim tentaram, aprisionando o homem-corpo, nunca conseguiram impedir os seus prisioneiros, o Homem intelecto, de pensar, de refletir, sôbre as causas e as consequências dos seus actos e da irreverência em que eram tratados.

Assim, caíram debilitadas, as ditaduras, desapareceram os resquícios consequentes às grandes guerras que assolaram as sociedades humanas, nas diversas épocas, que marcam a sua historia. Apoquentando vidas e reprimindo, os corações e a inteligência, jamais conseguiram perdurar na eternidade, porque algumas dezenas de anos de demonstração do que eram acabaram por desmoronar.

Nestas questões acaba por se formar sempre um braço, armado ou não, mas com a força necessária para aniquilar a prepotência, o despotismo e a incongruência dos Homens. Esta força é a mesma energia que preexiste e tem a mesma fonte, que a força que nos inspira e ascende na nossa mudança interior, de forma que  a mudança traga o aperfeiçoamento e o avanço da sociedade e dos Homens que a compõem.

E como o progresso é lei da vida, podemos com muito crédito pensar e imaginar o amanhã, numa nova sociedade e numa nova civilização, resultante do progresso colectivo dos indivíduos, ou seja a sociedade na qual evoluíra a Alma Humana. Aonde o cidadão se sentira responsável, no sentido e no alcance do ditado : « Um por todos e todos por um ». E claro que para nos elevarmos a tal sociedade e nela progredirmos, não havera saltos mágicos, mas mudança lenta e ziguezagueante, com avanços e recuos, mas sempre em direcção ao mais elevado e com a vontade firme e irresistível de vencer e atingir um tal patamar.

O cidadão futuro, não só advirá a desfrutar das técnicas e das tecnologias mais avançadas, mais ainda de condições morais e filosóficas menos atávicas e menos agarradas ao passado tradicionalista e obtuso. A abertura de espirito sera sempre crescente e os séculos confirmarão a passagem para uma luz crescente que brilhara nos sentimentos e tocara os corações mais aptos para a assistência mutua, para a solidariedade crescente e para que haja mais e melhor justiça, em todos os sentidos.

Os pensadores mais elevados, não sentirão a pressão social contrariar a sua elevação de pensamento, nem a sua capacidade para apreender as coisas divinas, sobre o prisma da humildade e da consciência dos seus limites em relação à Natureza e seu Omnipotente Criador. Deus não sera contestado, porque as criaturas haverão, então, compreendido que não podem existir por elas próprias, mas que uma Causa Superior et inteligentemente incomparável, lhes outorgou a Vida e fez do Homem o Ser a que chegou.

Sômos ao mesmo tempo matéria e fluido, sômos homem e Espirito. Sômos modelados segundo o Divino Arquiteto, e seus mais próximos colaboradores e estes deverão ser numerosos, porque o universo que nos rodeia e conhecemos, devera estar sôbre a protecção desses divinos colaboradores da Fonte Divina de onde nascem e surgem os mais diversos elementos componentes da Natureza e das mais diversas formas de vidas.

Tudo se conjuga para nos auxiliar e por nosso turno auxiliarmos, compreendendo a natureza intrínseca da vida e todas as formas pelas quais ela se manifesta. Grandeza, amor, saudade, porque, viver, morrer e renascer, são leis do seu funcionamento e por isso nos, seus filhos, procedemos da sua Natureza intrínseca e das suas Leis dinâmicas e em constante movimento.

E este o caminho que vamos prosseguindo, estamos prometidos ao aperfeiçoamento e por isso mesmo o alcançaremos, não tenhamos duvidas, nem estacionemos no tempo. A época da nossa dinamização chegou, respondamos presente, irmãs e irmãos!