Introdução
Encontramos no Evangelho segundo o Espiritismo, capitulo XII, Amai os vossos inimigos, esta instrução (1): « A vingança é o ultimo resquicio dos costumes barbaros que tendem a desaparecer entre os homens, assim como o duelo é um dos ultimos vestigios dos costumes selvagens em que se debatia a humanidade no inicio da era cristã. Por isso a vingança é indice seguro da condição de atraso dos homens que a ela se entregam e dos Espiritos que ainda a inspiram. Assim, pois, meus amigos, êsse sentimento nunca deve fazer vibrar o coração de quem se diz espirita. Vingar-se, bem o sabeis, é tão contrario ao preceito cristão de perdoar aos inimigos, que aquêle que se recusa a perdoar não so não é espirita, como também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta quanto mais lhe faz companhia a falsidade e a baixeza. Realmente aquêle que se entrega a essa paixão cega e fatal quase nunca se vinga a descoberto. Quando é mais forte, lança-se como uma fera sôbre o que chama seu inimigo, cuja simples presença lhe acende a paixão, o odio e a colera.
E como assevera Luiza Fletcher, (2): « A melhor atitude é não corresponder à vingança. Siga em frente e concentre-se em ser feliz. A melhor vingança é não vingar-se. E claro que ninguém gosta de ser espezinhado, traído, rejeitado, mas, infelizmente, um dia ou outro, todos passamos por isso e pelo menos uma vez na vida. Muitas pessoas, quando se sentem prejudicadas, de alguma maneira, buscam vingança a todo custo. Por mais que justifiquem essa necessidade, dizendo que lhes fizeram injustiças, a vingança não faz bem a nenhum de nós, pois, além de não resolver nada, pode po^r em causa e mesmo acabar com nossa saúde mental, emocional e física.
A melhor vingança que podemos proporcionar é o esquecimento. Ao invés de disseminarmos o ódio e a raiva, devemos mostrar às pessoas que tentam derrubar-nos que podemos ser felizes em qualquer circunstância. Não há nada melhor do que agir com sabedoria, seguir em frente com o coração leve e tranquilo, sabendo que as magoas não devem ter espaço em nossas mentes e corações. A vingança é um sentimento muito característico dos humanos. A vingança tem uma maneira própria de fascinar as pessoas, é um sentimento que sempre nos chamou a atenção
Alguns acreditam ainda que a vingança não é de todo ruim, se administrada com cautela. O facto é que todos nós, a qualquer momento, já pensamos em vingar-nos de alguém ou de alguma situação que nos causou sofrimento. Quando somos tomados pelo desejo de vingança, no entanto, podemos perder a direcção e até nos afundarmos, tentando devolver a dor que nos causaram.
De acordo com o psicólogo e especialista em comportamento criminal, Gordon E. Finley : «… a vingança tem pouco a ver com a moralidade. A vingança é um impulso, uma maneira de libertar, raiva e ódio. » Segundo um estudo com o qual concordamos, realizado sob a direcção do Professor Ernst Fehr, da Universidade de Zurique, mais de 40% das decisões tomadas no mundo dos negócios têm como único objetivo “vingar-se” de um concorrente. O mesmo padrão pode ser percebido em actos criminosos, que quase sempre são motivados por um rancôr acumulado em relação a alguém e pelo desejo de vingança. Com isso podemos perceber que a vingança nunca é bem-sucedida porque, além de causar tragédias, nos torna similares aqueles que inicialmente nos prejudicaram.
Por isso, a melhor vingança é não nos vingarmos. Todos conhecemos as justificativas comuns que mostram que a vingança não é a melhor alternativa : isto deve ser relevado pelo facto que ela não está de acordo com a moral, de qualquer religião e doutrina espiritual, as quais ensinam a perdoar, assim como nunca foi incentivada pelos grandes sábios da humanidade. No entanto, queremos-lhe apresentar uma perspectiva psicológica sobre o acto de vingança e como são as pessoas vingativas ? Estas pessoas sentem uma grande necessidade de se vingarem diante de qualquer tipo de ofensa e dai têm dificuldade em gerir as suas emoções, e auferem de um autoconhecimento pouco desenvolvido.
Além disso, julgam que estão sempre certas, que têm sempre razão, com respostas em qualquer circunstância e com o direito de pensar que todos deveriam espelhar-se em seu exemplo. Essas pessoas são egoístas e raramente demonstram empatia para com aqueles que se encontram ao seu redor. E, também, têm o hábito de guardar mágoas, o que as deixa presas a ressentimentos passados, impedindo-se, a elas-proprias, a mudança para uma nova vida.
Como podemos perceber, a vingança não nos oferece nada de bom, apenas nos afasta de valores benfeitores, afectando nosso caráter, limitando nossa evolução, enquanto seres humanos e criadores de um mundo melhor, mais feliz e consciente. So isto, ja prova que a melhor vingança é simplesmente o esquecer, escolher não vingar-se, e seguir sua vida concentrado apenas na sua propria felicidade a construir. »
E como assevera o Evangelho Segundo O Espiritismo (3) : « Amigos, lembrai-vos dêste preceito : « Amai-vos uns aos outros. E então, respondereis aos golpes do odio com um sorriso e ao ultraje com o perdão.» Sim, perdoa e segue !
Bibliografia
(1) Introdução da Epadis e Extrato de « O Evangelho Segundo O Espiritismo » de Allan Kardec.
(2) Artigo assinado por Luiza Fletcher, publicado na pagina internet « O Segredo » de 30 de Março de 2018
(3) Extrato da responsabilidade de Epadis de « O Evangelho Segundo O Espiritismo » pag. 133.