Criança: ressentir e educação.

CELA – Centro Espírita Luz e Amor – Centre Spirite Lumière et Amour. (1)
 

Todos nos passamos nove meses numa bolha fluidica, que é o ventre feminino, alimentados e protegidos pela mamã. O utero é como um coração, aonde o homem inicia a sua viagem reencarnatoria. No seu interior, inicia-se o contacto com a sociedade. Ali é protegido pela mãe e pelos Espiritos encarregados da reencarnação.

Quando a criança nasce agarra-se às pessoas, sentindo-se desamparada. Necessita de carinho e de aconchego, oferecido pelo corpo da mãe e das pessoas que a cercam. Com o passar dos meses e dos anos, a criança vai iniciando a sua vida, tudo observando, principalmente os gritos do adulto.

O sacrificio dos pais, deixando para traz tudo o que pode alterar a mente do filho : discussões inuteis, mentiras “inocentes”, mudanças de humor, ora brincando com a criança ora se zangando se ela teima no seu gesto.

Lembremo-nos de que é uma criança, que se encontra ociosa, cuja mente não se preocupa com a conta do telefone, com as prestações da casa, ou com qualquer outra coisa, enfim, ela so deseja ser amada. Infelizmente, muitos pais julgam que naquele corpo infantil a alma é atrazada.

Julgam que a criança não compreende e no entanto, esta, atravéz da sua mente, vai compôr uma colcha de retalhos relacionada com as atitudes dos adultos. Em muitos casos estas atitudes são descabidas.

Quantas vezes se diz à criança para não fazer algo que os adultos fazem e mesmo muito pior. A criança sofre no silêncio e até toma atitudes violentas. Os pais proibem e em muitos casos negligenciam outros factos mais graves.

Aonde esta o equilibrio? A criança brinca e, quando adulta, procura na faixa das recordações os momentos ja vividos, e então depara-se com proibições, excessos e mimos. Na sua mente infantil recorda e destrinça milhões de vezes o mesmo facto : Mas por que são assim?

Para se conseguir algo da criança, devemos tentar substituir por qualquer coisa que ela deseja, ou então explicar-lhe porque não deve quebrar o vaso de cristal, existente na comoda, por exemplo. Conta-se que uma criança gostava muito de um vaso de valor. Sempre que tinha a oportunidade tentava pegar nele. E a cada vez a familia corria para salvar o vaso. Um dia seu pai pensou que ninguém deveria correr se ela voltasse a pegar nele. Combinando com os irmãos mais velhos para se esconderem quando se deparassem com a situação de irmãzinha e assim aconteceu.

Ninguém foi ter com ela, então o pai aproxima-se dela e diz-lhe: – Queridinha, o vaso é tão lindo, tenho imensa vontade de segura-lo, deixe que eu a ajude.

De momento, ela parou e perguntou: – Mas, deixa-me tocar-lhe?

Ao que o pai responde : – E claro que sim, creio que a princesa ja é bastante crescida e sabe que devemos ter cuidado com os nossos objectos e também com os das outras pessoas. O vaso não te pertence, ele é da mamã, que o adora. Supõe que a mamã vai ao teu quarto e pega na Greta, tua boneca de estimação, e atira com ela para o chão, quebra-lhe a cabeça, então tu vais chorar com muita saudade; o mesmo vai ocorrer com a mamã. O seu belo vaso, se não for segurado com cuidado, acaba por cair e partir-se aos pedaços.

A criança, olhou, intrigada e assustada. Dai o papa entrega-lhe o vaso de cristal, que ela encosta ao seu corpo, abraçando-o fortemente, dizendo : – Papa, o vaso é lindo, não é ? Mas a Greta ( boneca ) é ainda mais linda. Não quero que a mamã a deixe cair. Tome, papa, o vaso da mamã, senão eu posso quebra-lo. Peguei no vaso e respirei aliviado. Dai foi para seu quarto e ali ficou a brincar com a boneca. Seguidamente a mamã foi chamar por ela para tomar o lanche, e então responde :

– Não entre, mamã, eu ja saio. A Greta esta a dormir e ninguém pode acorda-la, eu ja vou.

Assim fez e dai para diante nem sequer olhava para o vaso. Dizia que a boneca era mais linda que o vaso e que sempre se recordava da voz do papa : “ cada pessoa possui um objecto de estimação; e como não queremos que ninguém nos tire o que estimamos, também não devemos furtar o que é dos outros”. Quando temos que educar uma criança devemos observa-la e não perderemos nosso tempo, porque ela sera amanhã aquilo que fôr para ela visivel no nosso olhar e nas nossas atitudes. Criança sem amor é indisciplinada e infeliz.

 


1. Artigo enviado pelo « CELA – Centro Espírita Luz e Amor – Centre Spirite Lumière et Amour », em outubro 2014, para sua publicação em nosso site. Publicado originalmente em Enxertos – Informações de Espíritos para Reflexão, 2008, Les Editions Primaveris, pp. 29-32.