Nos nossos últimos estudos falamos de mediunidade, enquanto faculdade, de passe, da mente, de pensamento e sua irradiação. Ainda abordamos o magnetismo ou electromagnetismo e da energia em sintonia.
É claro que as questões do pensamento e da força mental, geradores de campos magnéticos possibilitando o envolvimento dos comunicantes raramente se puseram. Pouco se pensava, ou mesmo se cuidava, de identificar as comunicações dos Espíritos com a « transmissão de pensamento » ou exercício mental, pouco se pensava que as comunicações vertessem de mente a mente, do desencarnado para o cérebro do intermediário, médium, ainda que sob o controlo da mente deste.
Daí vem a convicção de « incorporação » que na realidade não existe, salvo aquela de aproximação e contacto entre a faixa vibratória desencarnada e encarnada e vice-versa. O Espírito jamais penetra o corpo do médium, para nêle se instalar. Em certas circunstâncias, por desleixo moral e físico da pessoa ou do médium, o Espírito desencarnado, pode assenhorar-se de certas funções físicas e mentais, obsessão em alto grau, por exemplo, mas nada mais que isso.
Não foi, pois, de estranhar a proliferação do animismo, da mistificação, do aparecimento de entidades ditas « superiores » a manifestarem-se em grupos e através de médiums muito pouco esclarecidos, a identificação de Espiritismo com práticas esdrúxulas e mesmo aos antipodos, identificando médiums sem escrúpulos com a prática espírita.
Todavia os conhecimentos e as investigações em marcha pelas autoridades acadêmicas, abrem campos vastos ao entendimento da Codificação Espírita, elaborada e tendo em mente que, naquela época, continuavam a ser esmagadoramente majoritários os ouvidos que não ouviam, os olhos que não viam, ou, ouvindo e vendo, não entendiam, o que desde logo condicionou a manutenção de névoas sobre o desenvolvimento das Leis Naturais.
A complementaridade das obras de André Luiz (Espírito) mais incisivamente e de outros estudiosos do mundo espiritual foram levantando o véu dos conteúdos da Codificação.
Somos nós, os Espíritos, quem manifestam a MENTE, que somos capazes de a dotar de maior amplitude de força actuante. Somos nós que detemos a possibilidade de exercitar a concentração, a atenção, e, face a essa questão, a agir sobre os circuitos cerebrais, neuronais, dos sistemas nervoso central e periférico, por impulsos eléctricos, electro – magnético – químicos, fazendo chegar as mensagens a todo o corpo fisico, através das células perispirituais que tem contacto célula a célula com as correspondentes no corpo fisico.
E somos também nós, Espíritos, quem pode transferir essas ordens veiculadas pelo pensamento em vibração, a outros cérebros, através dos « centros de força », (chacras, segundo a denominação consagrada desde tempos remotos no oriente), de transcepção, de emissão, e recepção de terceiros que, a não serem filtrados ou neutralizados, penetram os seus sistemas nervosos e agem produzindo a perturbação, se de cariz negativo, ou ajuda, se marcados pelo amor e desejo de paz.
É evidente que tal se passa quando a Glândula Pineal sintonizada recebe a mensagem e a transmite através do sistema nervoso do destinatário ao espírito, que a interpreta e amplia, se for de cariz positivo, ou ao corpo fisico, ou perispiritual, sob a forma de perturbação e mal-estar, se é resultante de debilidade mental ou da pouca espiritualização, de acordo com a Lei de Causa e Efeito.
Como exercitar a Concentração.
Tudo se pode aprender e desenvolver, surgindo apenas como condição primordial a vontade e o treino.
Na matéria ou fora dela, nada se obtém sem trabalho, sem dedicação, sem esforço. Desde a escola sabemos que o aprendizado se consegue com a repetição, com o exercício do raciocínio, pelo estudo e o trabalho voluntário.
Tudo resulta de um conhecimento nato e que é o saber que trazemos do mundo espiritual, a verdadeira morada de todos os Espíritos, donde vimos e para onde iremos.
Não basta dizer « concentrem-se ». Como não chega aos professores dizerem « aprendam ». É necessário quem ensine e, no caso tomar em conta os conhecimentos à nossa disposição e aplicá-los.
Já sabemos que podemos enviar mensagens para dentro de nós mesmos. Se cometemos um erro, podemos com a reflexão sobre ele repetir que « não volto a fazer, que não farei ». Esta mensagem « ordem » em silêncio circula dentro de nós e essa repetição acabará por ser « ouvida em pensamento ».
De facto a idéia vai percorrer os circuitos nervosos e facilitar uma resposta física ao intento. Frente a um enervamento constatado pela reflexão, determina uma ordem tal como « vou acalmar » e esta resposta vai percorrer os circuitos neuronais e então a calma vai ocorrer.
Este exercício devera ser realizado e para tal devemos nos preparar. De nada servem certas justificações como « a falta de tempo ». É urgente, necessário e útil que cada qual saiba treinar a sua atenção no que se propõe fazer. Eis a tarefa do treino, da repetição e exercício exigidos.
Embora a concentração seja curta no período inicial, pouco a pouco se prolongará. Os breves instantes aumentarão progressivamente. Daqui podemos passar à ligação com as Entidades do Mundo Superior, com as quais necessitamos estabelecer comunicação mental, diálogo fraterno, por meio de reflexão, questionamento e ouvindo as respostas, claras na meditação.
Eis que nos aproximamos do momento de nos concentrarmos na tarefa de auxílio espiritual, seja pela doutrinação, diálogo, com os Espíritos comunicantes através dos médiums, partilhando as sugestões dos amigos espirituais que nos assistam, seja na terapia magnética (ou passes) dirigindo pensamentos elevados para os centros de forças dos pacientes, seja no atendimento fraterno, no conselho amigo, no consolo pela palavra, seja no diálogo com os Espíritos inferiores, até renitentes, e ou violentos, pela projecção mental firme e determinada, procurando enfraquecer os pensamentos contrários, com vistas a futuras oportunidades de diálogo.
O exercício da concentração mental pode bem levar-nos a imprimir aos nossos pensamentos força suficiente para quebrar ou reduzir a força mental das entidades obsessoras, como pode também envolver magneticamente aquelas entidades que, por reincidência no mal, perderam sua plasticidade perispiritual e se apresentam em verdadeiros ovóides, manifestando um primarismo verdadeiramente confrangedor. Por isso a importância de que se reveste esta verdadeira mudança (evolução) nos nossos hábitos de trabalho espiritual.
Os espíritos marcadamente inferiores fazem gáudio do seu poder mental, da força de pensamento que os faz dominar muitos de nos, daqueles que trabalhamos na Seara Bendita e que apontam naqueles que se dedicam à maledicência, à critica soez, ao diálogo marcadamente materialista, desinteresse que a indisciplina manipula, à falta de assiduidade que prejudica o avanço do amor entre as massas entregues à vida material e utilitarista.
Situando-nos nesta norma da Lei que diz, « não devemos matar ou causar dano, no corpo ou, na alma, a nos mesmos ou ao próximo », poderemos extrapolar para a positividade e « fazer aos outros essa caridade » exercendo a nossa capacidade, a nossa força mental, no bem.
E emitindo e dirigindo os pensamentos de amor através desse órgão sublime de comando e emissor que é a Pineal, tendo no destinatário órgão idêntico que recebe. Aqui a concentração deve ser dirigida, ao irmão comunicante, sempre com o intuito de ajudar, através da sua pineal, porque dela a ordem benfeitora percorrera seu perispírito e o beneficiara como aos trabalhadores espirituais que carecem dos fluidos físicos que nos disponibilizamos. Embora seja necessária a sintonia inicial com os Planos Superiores, depois e com ela os mesmos planos precisam que nos concentremos naqueles que são objeto de auxílio, aqueles que são trazidos, até nós, para encontrarem a libertação das garras das trevas mergulhados na ignorância e na maldade.
Tudo isto nos incita, particularmente enquanto médiuns, e não só, a compreender o funcionamento, a mecânica, que preside à mediunidade enquanto faculdade inerente a todas as pessoas e mais particularmente aquelas que com ela auxiliam os mais necessitados, isto é os médiuns e trabalhadores no campo do Espiritismo.
Médiuns passistas, médiuns de diálogo com os comunicantes, quer sejam estes desencarnados ou encarnados, médiuns de sustentação e médiuns de todas as vertentes, jamais deverão esquecer a sua função que é de grande dignidade, da mais preciosa cooperação e da mais alta utilidade, em favor de quantos sofrem, e no quadro da intima ligação necessária com os Espíritos agindo a serviço do bem e prestando auxilio valioso a doentes do corpo e da alma.
A mediunidade segundo a ética espírita não é nem sera nunca uma pratica esdrúxula e meio de riqueza material, para os médiuns e para os grupos e centros que se prezam de actuar no campo da Obras da Codificação.
Os médiuns espíritas são na actualidade os companheiros de Jesus. Na época de Roma na Judéia, aquele tempo em que a sociedade vivia no luxo e na mais repugnante exploração. Ferida que se alastrava às crenças e religiões, exigindo estas prebendas e esmolas altas aos seus seguidores, por isso o Mestre benfeitor correu com os mercadores do Templo de Jerusalém e nos deu o exemplo do alto esforço feito pela viuva que depositou os seus magros recursos, na caixa das esmolas. Um outro perigo consiste nas ambições de natureza diversa, e nas esperanças publicitárias pessoais e na idolatria das massas. Perigo, façamos mil vêzes atenção !