Aprender e Morrer.

Queridos irmãos,

Que a Paz do Senhor esteja convosco e vos acompanhe na vossa jornada de evolução espiritual, em todos os momentos de alegria, mas principalmente nos de dor e sofrimento.

O ser humano já tem demonstrado, ao longo da história da humanidade, uma maior capacidade para suportar as alegrias do que a dor. Raros são os irmãos capazes de encontrar algo de positivo e enriquecedor na tristeza, mas muitos são os que identificam e procuram multiplicar os momentos de felicidade. A evolução espiritual e a reforma íntima permitem ao Ser encarnado a bênção de viver todos os momentos com resignação, se não com alegria, mesmos esses acontecimentos considerados, à primeira vista, desditosos e dolorosos.

Dois desses momentos mais marcantes na vida do Espírito são o nascimento e a morte. O nascimento é festejado com alegria e esperança na renovação da vida e na chegada de um novo Ser ao mundo encarnado. Exceto nos casos em que essa notícia é sinónimo de sofrimento e preocupação, o nascimento implica alegria e felicidade, beleza, cor e sorrisos. O nascimento representa a continuação da espécie e da família e representa a vitória da luz sobre as trevas; representa igualmente a vitória da vida sobre a morte, e da chegada para compensar a partida.

Poucos são os irmãos que são suficientemente conscientes, nesse momento, da responsabilidade associada ao nascimento e à vinda de um Ser ao mundo encarnado. Poucos são os que percebem que, a partir desse momento, duras provas serão colocadas a este novo Ser, mas também a todos quantos o recebem. Poucos são os irmãos que percebem a dimensão da tarefa a desempenhar, por parte de todos os envolvidos, na manutenção da vida no mundo de provas e expiações ao qual está a chegar. Poucos são os irmãos capazes de compreender que, desde o momento da gestação, o espírito inicia um processo complexo de interação e auto-aprimoramento que necessitará de orientação valiosa para chegar a bom porto. Poucos são os irmãos que percebem que a forma como nascem e vivem esses novos seres determinará a forma como irão morrer e viver no Mundo Maior. Raros são os irmãos possuidores dessa visão holística do Ser, da vida e da morte física e a perpetuação da vida espiritual, burilada ao longo do tempo e das experiências vividas.

Para os irmãos capazes de entender esta perspetiva, nascimento e morte passam a ter uma carga emotiva distinta; a morte não significará mais apenas dor e tristeza sem fim, mas esperança na vida eterna renovada e a libertação das amarras físicas, condicionadoras do Espírito em progressão. A morte, assim, passará a ter um sentido de passagem necessária para a renovação e para a compreensão; a morte será sinónima de saudade, mas não de dor dilacerante; a morte passará a ser entendida como mais uma etapa na vida eterna do ser espiritual e não como a desgraça do desaparecimento e do fim. Morte também é começo ou recomeço, e representa mais uma oportunidade por Deus concedida e que não deverá ser desperdiçada. Morte também é o regresso a casa, à pátria de onde partimos e para onde voltamos. Morte é, ainda, reencontro consigo mesmo e com outros irmãos que já nos precederam.

Nessa perspetiva, nascimento e morte implicam, na mesma medida, dor e alegria, tristeza e esperança, responsabilidade e missão.

Vós, Espíritas, já haveis compreendido esses sentimentos que, mais do que desencontrados e aparentemente contraditórios, se complementam e definem a essência da vida eterna do ser espiritual que caminha, de etapa em etapa, até alcançar a felicidade e depuração.

Vós, Espíritas, já haveis compreendido que é preciso aprender para viver bem e que esse saber adquirido determinará o saber morrer bem, para depois continuar a viver bem, e assim sucessivamente. A morte do envoltório físico, por si só, não santifica, e os erros vividos e cometidos em vida não se apagam com o desaparecimento do corpo. É necessário compreender que uma existência terrena dedicada ao Bem, ao Amor e à Caridade, será a condição sine qua non para a felicidade plena. A morte do corpo físico apenas corresponde a uma necessidade natural de passagem e de transformação porque, já o dissemos, nada desaparece, mas tudo se transforma na natureza.

E assim, vós, Espíritas, que já haveis compreendido este processo, levai a palavra aos vossos irmãos que vivem a sua vida terrena na angústia da morte que sucederá e que não aprenderam, ainda, que a vida e a morte são duas faces de uma mesma moeda e que ambas essas etapas constituem uma bênção de Nosso Pai para proporcionar, aos Seus filhos amados, oportunidades valiosas de crescimento na Paz e no Amor.

Um bem-haja, irmãos, a todos os que já aprenderam a viver e a morrer na esperança sempre renovada da vida eterna.

Com amor,

F.P

Venade, 30 de abril de 2019.

BR, pelo Espírito F.P.

 


 

APONTAMENTOS PICTOGRÁFICOS

 

O gira-discos

 

“Irmão,

Herdeiro do gramofone e antepassado do leitor de CDs, o gira-discos constituiu-se em aparelho imprescindível para o deleite dos amantes de música. Os discos de vinil, divididos em várias faixas, giravam sob uma agulha de diamante, produzindo o esperado som, por vezes encravando, ao que popularmente se deu o nome de disco riscado.

A vida do Ser espiritual é como um gira-discos que permite ao espírito tocar a música da existência para deleite do Pai criador. Quando, por razões diversas, esse disco encravar, basta um leve toque de amor para passar para a etapa seguinte, evitando a repetição ou manutenção do erro, tal como, por vezes, era preciso dar um toque na agulha para fazê-la saltar para a faixa seguinte, e assim prosseguir com a melodia harmoniosa”.

Médium : BR.

 


 

Bibliografia

 

Estes textos fazem parte de um acordo para troca de textos e mensagens entre médiums de França e Portugal. Este provêm do Centro Espirita Luz Amor e Caridade (CELAC) sediado no concelho de Caminha (Minho), para publicação nas nossas paginas Epadis e Alvorada.