Ajudar os Espiritos.

É possível ajudar de alguma forma o espírito de um parente ou amigo que desencarnou recentemente?

Ninguém deve ficar preocupando em ajudar os nossos parentes que já partiram, pois esse desejo de auxílio a um desencarnado pode ser apenas uma forma de se sentir mais próximo dos que já partiram. Essa vontade de auxílio pode ser apenas uma simples expressão do nosso apego e uma não aceitação da morte.

Na realidade, uma das maiores contribuições que podemos prestar aos entes queridos desencarnados é permitir que eles sigam a sua jornada sem interferências devidas às nossas emoções de tristeza e revolta que inconscientemente projetamos e que eles recebem.

Em muitissimos casos nem sequer podemos ajudar-nos a nos-proprios, quanto mais ajudar os Espiritos, sejam nossos parentes ou amigos..

Não esqueçamos que existem plêiades de Espíritos que colaboram unidos e têm por missão prestar socorro aos que ja desencarnaram. Como disse Jesus: “Deixai aos mortos a tarefa de sepultar os seus mortos”. Com isso Jesus queria dizer que os encarnados não devem ficar preocupados com o bem-estar dos desencarnados, pois essa tarefa cabe aos próprios espíritos. Os espíritos cuidam dos espíritos, e nós temos a tarefa de viver as experiências da matéria em que existimos.

Alguém acredita que Deus deixaria de ajudar um espírito, abandonando-o à sua própria sorte? Deus sendo soberanamente justo, bom e perfeito jamais permitiria que um de seus filhos fôsse desassistido. Os seres humanos abandonam uns os outros, mas Deus jamais, em hipótese alguma, nos abandona.

O que pode acontecer, e é corrente em nosso mundo, é o espírito abandonar Deus, virar as costas para a inteligência suprema do cosmos, por estar muito fechado dentro de seus próprios problemas.

É certo que os espíritos cuidam dos espíritos, seguindo com constância as ordens divinas, é claro, e sempre em concordância com o merecimento do espírito e com o seu grau de abertura para ser ajudado. E necessario o espírito estar aberto para esse auxílio, caso contrário, o auxilio não se realizara.

Pode acontecer que um recém-desencarnado esteja tão mergulhado na lembrança de sentimentos de ódio, revolta, mágoa, tristeza, egoísmo extremo, assaz perturbado, e isso fechar-lhe o acesso de espíritos amigos que viriam ampara-lo.

É preciso compreender que na vida espiritual não existe essa atitude unilateral e exclusivista de ajudar senão nossos parentes e amigos. O cosmos não conhece esse tipo de limitações, que são típicas ao estado egoísta do ser humano. Os espíritos ajudam a todos, sem qualquer distinção. O amor humano é sempre restrito,é que é limitado e egoísta.

Uma pessoa comum ama seu filho, mas não ama o filho de outrem, ama seu pai, mas não ama o pai do outro. Se nosso filho morre, uma chuva de lágrimas escorrem de nossa face; se nosso pai adoece, uma torrente de desespero se apossa de nós. Mas se o filho do outro morre, isso em nada nos abala; se o pai de um desconhecido morre, não damos o mínima apreço a isso.

Às vezes até nos inclinamos para que outro morra ou sofra. No entanto, os espíritos não veem as coisas dessa forma. Eles estão bem mais desprendidos dessas referências limitadas e seu amor envolve todos os seres. Todos são parceiros de todos. Os espíritos veem uns aos outros como irmãos numa mesma jornada evolutiva e todos se ajudam como podem, dentro do seu nível de evolução espiritual.

Não existem preferências, não existe arbitrariedade, não há qualquer tipo de favoritismo, nem troca de favores, nem jogos psicológicos.

Essa atitude de eu me importo com um mas não com o outro, não existe. Cada espírito é importante para o outro, pois existimos numa grande fraternidade cósmica universal.

Os espíritos mais adiantados ajudam a quantos podem e querem ser ajudados, pois todos são seres espirituais em desenvolvimento na grande escada da vida universal e da evolução. Quanto mais próximos estivermos dessa proposta de vida, mais felizes seremos e mais paz havera em nosso mundo interior.

Uma vida de amor restritivo, com predileções por uns em detrimento de outros, é puro egoísmo do homem actual, não condiz com o ideal dos mundos superiores. Precisamos aplicar também isso à nossa vida. Não ajudar apenas as pessoas de quem gostamos, mas ajudar a todos, e ainda mais aqueles por que não temos simpatia ou até mesmo aqueles que nos fizeram algum mal. Esse é o ideal crístico ao qual devemos aspirar.

 


Bibliografia

 

Autor Hugo Lapa em Canal de Espiritismo. Revisão pela redacção de Epadis em 22.11.2019