A VIDA ETERNA E O CASTIGO ETERNO.

As parabolas de Jesus

 

31 Mas quando vier o Filho do homem na sua majestade, e todos os anjos com ele, então se assentará sobre o trono de sua majestade;

32 E serão todas as gentes congregadas diante dele, e separará uns dos outros, como o pastor aparta os cabritos das ovelhas;

33 E assim porá as ovelhas à direita, e os cabritos à esquerda.

34 Então dirá o rei aos que hão de estar à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possui o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo;

Jesus aqui se refere à época em que o Evangelho estará conhecido por todos os povos da terra. Quando os povos estiverem esclarecidos, de modo que ninguém possa alegar ignorância das leis divinas, serão iniciados os trabalhos de purificação de nosso planeta, com vistas a passá-lo para categoria superior.

As ovelhas simbolizam os espíritos já evangelizados, livres do egoísmo e do orgulho, dos vícios e do costume de praticarem o mal.

Os cabritos simbolizam os espíritos que não sentem o desejo de observarem os preceitos evangélicos, que se comprazem no mal e na ignorância.

Tomando-se em sentido particular, a separação a que Jesus alude é, feita diariamente. Logo que um espírito desencarna, é levado automaticamente para as regiões do mundo espiritual a que tiver feito jus, pelo modo pelo qual aplicou sua vida na terra. Irá para regiões elevadas e felizes, ou para regiões baixas e de sofrimento, conforme seu merecimento.

Tomando-se em sentido geral, essa separação marcará uma nova era na evolução de nosso planeta, sendo desterrados daqui os espíritos rebeldes às leis divinas, permanecendo apenas os evangelizados, que não mais sofrerão perseguições e perturbações e explorações por parte dos malvados e ignorantes. Estes irão para outros planetas, de acordo com seu grau evolutivo, onde reencarnarão, e recomeçarão o aprendizado do bem.

O reino que está preparado desde o princípio do mundo é a felicidade de que gozarão os regenerados à luz do Evangelho.

35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era hóspede, e recolhestes-me;

36 Estava nu, e cobristes-me; estava enfermo, e visitastes-me; estava no cárcere, e viestes ver-me.

Aqui Jesus enumera os deveres materiais e morais, que devemos cumprir uns para com os outros, principalmente os mais favorecidos, para os que o são menos. a aplicação da lei da fraternidade em todo o seu esplendor.

Dar de comer ao que tem fome, não somente por meio da esmola, como também lhe proporcionando trabalho, em que ganhe honestamente o seu pão de cada dia.

Dar de beber ao que tem sede, isto é, instruí-lo nas leis divinas, combatendo-lhe a ignorância e iluminando-lhe a alma, sequiosa de saber.

Era hóspede e recolhestes-me, isto é, jamais desamparai quem quer que seja, e sempre estendei mão amiga a todos os necessitados, nunca fazendo acepção de pessoas.

Estava nu e cobristes-me, isto é, compadecei-vos da situação penosa em que alguém se encontrar, e tudo fazei para ajudá-lo nas ásperas provas pelas quais passa.

Estava enfermo e visitastes-me. Visitar os enfermos é uma virtude cristã, que muito aproveita ao enfermo, e a quem a pratica, principalmente se houver o cuidado de visitar os enfermos desamparados, levando-lhes o conforto das palavras amigas e consoladoras. Tal proceder fortifica a alma contra as tentações e concorre para diminuir o orgulho que ordinariamente se traz no coração. E aproveita ao enfermo, por despertar nele a paciência, a resignação e a coragem.

Estava no cárcere e viestes ver-me. Visitar os encarcerados é outra virtude cristã. Geralmente, os irmãos encarcerados erraram dolorosamente, e o conforto das visitas que lhe forem feitas, poderá contribuir para despertar neles o desejo de regeneração, e a reconciliação com as leis divinas.

Como vemos, Jesus aqui ensina aos felizes o que devem fazer aos infelizes e como deverão agir todas as pessoas que, de fato, querem ser humildes de coração.

37 Então responderão os justos, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto e te demos de comer; ou sequioso e te demos de beber?

38 E quando te vimos hóspede, e te recolhemos; ou nu, e te vestimos?

39 Ou quando te vimos enfermo, ou no cárcere, e te fomos ver?

40 E respondendo, o rei lhe dirá. Na verdade vos digo, que quantas vezes vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes.

Há mil e uma maneiras de Jesus bater à nossa porta. Amigo devotado e arrimo dos sofredores de todo o mundo Jesus faz deles o seu representante na terra. Por isso é que ele diz que quando fazemos o bem seja a quem for, é a ele, diretamente, que o fazemos.

Um doente a quem confortamos, um preso a quem visitamos, um ignorante a quem esclarecemos, um irmão a quem aconselhamos para o bem, um desamparado a quem estendemos mão amiga, tudo são meios de cumprirmos com os preceitos de Jesus, e de lhe demonstrarmos que estamos aproveitando as lições, que nos trouxe com o sacrifício da própria vida. Entretanto, esse bem que fizermos, deverá ser desinteressado, sem que esperemos em troca dele a mínima recompensa, feito com tanta naturalidade a ponto de não nos van-

gloriarmos por tê-lo praticado. Ë o bem pelo bem, sem qualquer móvel interesseiro, unicamente em obediência a Jesus.

41 Então dirá também aos que hão dc estar à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno que está aparelhado para o diabo e para os seus anjos;

42 Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;

43 Era hóspede, e não me recolhestes; estava nú e não me cobristes, estava enfermo e no cárcere e não me visitastes.

44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto, ou sequioso, ou hóspede, ou nú, ou enfermo, ou no cárcere, e deixamos de te assistir?

45 Então lhe responderá ele, dizendo: Na verdade vos digo que quantas vezes o deixastes de fazer a um destes meus pequeninos, a mim o deixastes de fazer.

46 E irão estes para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna. Os que não querem seguir as leis divinas, encontram sempre uma desculpa de sua má vontade. O orgulho, a vaidade, os preconceitos sociais, a avidez das coisas da terra, os gozos materiais, o comodismo, o excessivo pensar em si mesmo, desviam a alma do cumprimento dos preceitos evangélicos. Por isso há verdadeira necessidade de vigilância e oração, para não repelirmos aqueles que Jesus nos envia para socorrermos em seu nome.

Diabo, fogo e suplícios eternos, não existem. São simples figuras que Jesus usava, e que estavam de acordo com a compreensão dos ouvintes daquela época. Não há entidades eternamente votadas ao mal, nem encarregadas de martirizar os outros. O que há são espíritos que erraram juntos e não souberam perdoar, e se prejudicam reciprocamente, até o dia em que se perdoem e resolvam corrigir os erros, o que os tornará felizes e purificados.

O suplício e fogo eternos são símbolos de que Jesus se servia para indicar que o sofrimento esperava por aqueles que não cumpriam com as leis divinas de amor ao próximo. Esses sofrimentos não são eternos, e depende unicamente dos sofredores o livrarem-se deles, em mais ou menos tempo, segundo a vontade de cada um.

 


Bibliografia

 

Em ‘O Evangelho dos Humildes’ de Eliseu Rigonatti – capitulo 25, pag. 226, 227, 228, 229.

Extratos e titulos coordenados pela redação da Epadis.