« Meus queridos irmãos,
E-me imensamente gratificante responder ao convite que me foi feito para vos falar daqueles momentos inesqueciveis que pude viver com os meus amiguitos naquele 13 de Maio longinquo.
Confesso que na minha pequenez de criança, não percebi bem o alcance daqueles dias que vivemos esperando a senhora brilhante da azinheira, que nos atemorizou primeiro, mas que nos acalentou de alegria quando fomos envolvidos por aquela luz brilhante como o sol.
Jamais poderiamos dizer quem ela era porque, de facto, apenas nos convidou a orar com ela a Nossa Senhora. Ao conversarmos depois, a Lucia, mais velhita, dizia que devia ser uma mensageira de Maria, porque ela dizia também « Avé Maria », como se estivessemos todos a saudar a Nossa Senhora.
Também não pensem que foi facil a nossa saida da Terra, por aquela doença que matou tanta gente naquele tempo. Ficamos os dois irmãos surpreendidos, sem saber muito bem o que se tinha passado. Parecia-nos um sonho, de verdade, mas era um sonho lindo, pois aquela senhora da azinheira estava à nossa espera.
Recolheu-nos nos seus braços, convidou-nos a seguir com ela para um imenso jardim florido como nunca haviamos visto, nos que estavamos habituados a percorrer aquelas terras de espinheiros secos, mas que os poucos animais que pastoreavamos se deleitavam a comer.
Deitaram-me em camas muito alvas como não conhecêramos na Terra, na nossa casa onde a pobreza campeava. Deitados adormecemos e, sem darmos conta, crescemos até adultos, porque foi assim que acordamos, homem e mulher, Francisco e eu.
Lentamente fomos recordando tudo o que nos escapava na vida, quando recebemos autorização para voltar à Terra. Procuramos estão saber noticias da Lucia, o que não nos foi logo permitido. Explicaram-nos que precisavamos ainda de compreender as leis da vida, para podermos aceitar aquilo que iriamos ver.
Passaram alguns anos até nos ser permitido entrar naquele convento lùgubre, onde ela vivia a clausura terrivel. Muitas vezes lhe falamos, a ajudamos a resistir à desolação e a uma certa revolta pela situação que achava não merecer.
Mas soubemos que a clausura era um resgate doloroso a que ela se entregara para sua sublimação. A pobre reagiu e venceu os desafios, até vira o nosso encontro. O que foi, entretanto, as nossas vidas ?
Acompanhamos todos os passos da perseguição religiosa, depois de tantos anos de tentativas para impor a ideia que tudo não passava da acção do demonio.
Nada escapa à phalange de Jesus e estava escrito que teriamos de participar na organização de grupos que pudessem socorrer os inùmeros peregrinos, de um e do outro lado da vida, procuranro liberta-los das amarras da matéria e do sofrimento tantas vezes sem sentido.
E certo que nem todos, quase mesmo a maioria dos que visitam aquele recanto, entendem as causas das vibrações que ali sentem. Mas meus irmãos, são milhares de trabalhadores que, em nome de Jesus, ali socorrem os peregrinos devotos de Maria.
Queremos deixar aqui a nossa gratidão pela forma como nos recordam e a força que nos dão para continuar. Estamos ao serviço de Jesus, como vos. Somos todos « um » nesta igreja unida em torno de Jesus e Maria. Deixamos as nossas vibrações de amor muito fraterno. »
Bibliografia
Jacinta Marto (Mensagem psicografada por Arnaldo Costeira em reunião mediunica do dia 17 de Maio de 2018 na sede da Associação Social Cultural Espiritualista de Viseu).
Texto publicado no « Jornal Espirita » n° 144 de Junho de 2018.