A mulher e a sociedade.

O papel da mulher na sociedade, atravéz dos tempos, têm sido extremamente importante, embora a sua situação e posição não tenham sido sempre as mesmas e tenham flutuado ao ritmo da evolução das diversas civilizações e das culturas que lhes foram afins.

Para falarmos do papel e da situação da mulher na actualidade teremos que ter primeiro uma idéia da situação da sociedade em determinadas épocas.

Deveremos compreender que a sociedade humana, na Terra, conheceu diversos periodos de evolução. Os pesquisadores no assunto, falam de três periodos principais*: 1° – Periodo selvagem, caracterizado pela apropriação de produtos da natureza, sendo os unicos instrumentos artificiais produzidos essencialmente afim de facilitarem esta apropriação. 2° – Periodo barbaro, durante o qual se criou animais, se iniciou a agricultura e se aprenderam métodos permitindo uma produção crescente de produtos naturais graças à actividade humana. 3° – Periodo civilizacional, no qual o homem não so aprende a elaborar intensamente produtos naturais, mas inicia a industrialização productiva, e, também a arte.(1)

Estes periodos de desenvolvimento e progresso, da actividade humana, condicionaram a posição e a situação da mulher enquanto membro da familia e da sociedade. As relações entre membros de sexos diferentes, nem sempre foram as mesmas e os papéis de cada um dêles também sofreu mudanças, nem sempre favoraveis à mulher.

Este quadro de desenvolvimento da humanidade, atravéz dos varios estados até à civilização, segundo os pesquisadores da historia humana, da-nos a percepção de uma transformação extraordinaria, no espaço e no tempo. Como podemos compreender o periodo civilizacional ainda se encontra em desenvolvimento e é o que nos vivemos. Mas este periodo tem sido rico de mudanças e de transformações tais, em que a situação da mulher, embora ainda sujeita a dificuldades, ja demonstra um futuro muito diferente e propicio à sua emancipação.

Se durante diversos periodos e épocas a mulher viveu diversas situações e representações na sociedade, esta situação deve-se mais ao desenvolvimento das relações em sociedade, e, entre sexos diferentes, do que ao resultado de uma criação diferente entre homem e mulher. Mas no curso do tempo, mais do que as condições de existencia real, foram os reflexos religiosos nos cérebros dos sêres humanos que produziram, as mudanças historicas da posição social reciproca do homem e da mulher. (2)

No entanto e para melhor compreensão do desenvolvimento da situação da mulher segundo a mesma obra, citada anteriormente, durante os dois primeiros peridos da humanidade, a mulher disfrutou de uma situação não somente libre, mas era muito mais considerada.(3) A propria derrocada do império romano teve em consequência da mistura dos povos, desenvolvido uma supremacia masculina com aspectos mais suaves e permite à mulher uma posição de muita mais consideração e livre, pelo menos em aparência, do que aquela que a mulher conheceu no periodo classico anterior. (4)

Foi neste periodo da civilização, que foram criadas as condições de um progresso moral do qual beneficiamos : Falamos do amor individual moderno, entre homem e mulher, desconhecido, anteriormente, no mundo mais antigo.

As condições de ligação entre homem e mulher, nem sempre foram o que são. As relações humanas, nos periodos anteriores ao da civilização, passaram por estados bastante obscuros e até submissos. A forma de união e casamento também não era codificada como no periodo civilizacional romano e seguinte. Também é certo que a evolução da riqueza e da propriedade, em terras e outras riquezas, exerceram influência para que as relações entre marido e esposa tenham evoluido e realizado interêsses em comum.

Mas os interêsses materiais comuns, nem sempre determinaram relações de igualdade, ja que a « divisão do trabalho » também modificaram as relações domésticas. Até aqui a mulher gozava da autoridade no lar e na educação dos filhos. Mas a supremacia do homem na produção incrementou a sua supremacia efectiva no lar, que era o ultimo obstaculo ao poder absoluto masculino. Assim desaparece o direito materno, e é instaurado o direito paterno.

Dai a situação que conhecemos ao longo dos ultimos milénios e do ultimo século, até hoje, cuja evolução se acentua, propondo melhores perspectivas de igualdade, de entendimento fraterno, entre homem e mulher, entre marido e esposa.

Uma etapa do progresso humano e da civilização se desfecha. Um novo periodo desponta no qual apercebemos a consolidação da confiança mùtua, uma liberdade de acção comum e consentida. Talvez mesmo o fim de interêsses materiais individuais. O respeito da liberdade individual e do libre-arbitrio mùtuos. Esta nova etapa concluira pelo reforço da união entre almas. E não serão os abusos e as tiranias que certos homens ainda manifestam em direcção da mulher que determinarão, antes pelo contrario, o futuro e a condição da mulher na sociedade.

 

 


1. Engels (1972). Origem da familia, da Propriedade privada e do Estado. Editions Sociales, Paris.

2. Ibdem.

3. Ibdem.

4. Ibdem.