A mediunidade de na historia – 1.

As crenças na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos e os mortos eram gerais entre os povos da antiguidade. Os anais de todas as nações mostram que, desde épocas remotíssimas da história, a evocação dos Espíritos era praticada por certos homens que fizeram disso uma especialidade.

O mais antigo código religioso que se conhece, os Vedas, existente ha milhares de anos antes de Jesus Cristo, afirma a existência dos Espíritos. Eis como o grande legislador Manu se exprime a respeito: “Os espíritos dos antepassados, no estado invisível, acompanham certos brâmanes, convidados para as cerimonias em comemoração dos mortos, sob a forma aérea. Seguem-nos e tomam lugar ao seu lado quando eles se assentam.”

Desde tempos imemoriais, os sacerdotes iniciados nos mistérios preparam indivíduos chamados faquires para a evocação dos espíritos e para a obtenção dos mais notáveis fenômenos de magnetismo. Louis Jacolliot, em sua obra “Le Spiritisme dans le monde” expõe amplamente a teoria dos hindus sobre Pitris, isto é, espíritos que vivem no espaço (errantes) depois da morte do corpo físico.

Resultam das investigações deste autor que o segredo da evocação era reservado àqueles que tivessem quarenta anos de iniciação e obediência passiva.

Na China, desde tempos imemoriais, pratica-se a evocação dos espíritos dos avoengos. O missionário Huc refere-se à grande número de experiências, cujo fim era a comunicação dos vivos com os mortos, sendo que ainda hoje essas práticas estão em uso em todas as classes sociais.

Com o tempo e em conseqüência das guerras que forçaram grande parte da população hindu a emigrar, o segredo das evocações espalhou-se em toda a Ásia, encontrando-se ainda entre os egípcios e entre os hebreus a tradição que originou-se na Índia.

Historiadores estão de acordo em atribuir aos sacerdotes do antigo Egito poderes que pareciam sobrenaturais e misteriosos. Há referências na Bíblia a fatos dessa ordem. Um dado que confirma a prática da evocação dos mortos está na proibição formal que Moisés impôs aos hebreus para que não se entregassem a essa prática, herdada dos “egípcios: Que entre nós ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade.” (Deuteronômio).

A despeito dessa proibição, vemos Saul ir consultar a pitonisa de Endor e, por seu intermédio, comunicar-se com a sombra de Samuel. Houve no caso o que em nossos dias denomina-se materialização.

Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos dispunham de mulheres chamadas pitonisas encarregadas de proferir oráculos, evocando os deuses.

Ocorria, às vezes, do próprio consulente querer ver e falar diretamente à sombra evocada e, tal com na Judéia, conseguia-se pô-lo em comunicação direta com o ser ao qual desejava interrogar. Homero, na Odisséia, descreve, minuciosamente, por meio de que cerimônia Ulisses pode conversar com a sombra do divino Tirésias.

Paulo de Tarso reconhecia, em suas cartas, a prática dessas manifestações entre os primitivos cristãos ao recomendar : “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.” “Não apagueis o espírito; não desprezeis profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.” O apóstolo João referia-se também à procedência dessas comunicações.

Na Idade Média destaca-se a figura admirável de Joana D´Arc, a grande médium, recusando renegar as vozes espirituais. Numa época mais recente é que podemos melhor situar a fase precursora do Espiritismo, a Terceira Revelação no Ocidente, aceito como o Consolador Prometido por Jesus à Humanidade.

A diferença entre os fatos desta fase e os fenômenos da antiguidade, como bem acentua Artur Conan Doyle, está em que estes últimos episódios (os da antiguidade) eram esporádicos, ou diríamos melhor, sem uma seqüência metódica, enquanto aqueles (os da terceira revelação) “têm a característica de uma invasão organizada.”

 

Um dos mais notáveis precursores do espiritismo foi o vidente sueco Emmanuel Swedenborg, engenheiro militar, insigne teólogo, dotado de vastíssimo patrimônio cultural e superdotado de faculdades psíquicas. Desde sua infância teve visões, que continuaram até a sua morte. Mas as suas forças latentes eclodiram com mais intensidade a partir de abril de 1744, em Londres.

Desde então, afirma Swedenborg: “…o Senhor abria os olhos de meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar em plena consciência com os anjos e espíritos…”

Um outro notável precursor, digno de menção, foi Franz Anton Mesmer, médico, descobridor do magnetismo curador. Em 1775, Mesmer reconhece o poder da cura mediante a imposição das mãos, ou seja, através da fluidoterapia. Acreditava que por nossos corpos transitam fluidos curadores, preparando o caminho para o hipnotismo do Marques de Puységur.

Fatos precursores dignos de registro ocorreram com Andrew Jackson Davis, magnífico sensitivo que viveu entre 1826 e 1910, sendo considerado por Artur Conan Doyle como o profeta da Nova Revelação. Os poderes psíquicos de Davis começaram nos últimos anos da infância, ouvindo vozes de espíritos que lhe davam conselhos, à clarividência seguiu-se a clariaudiencia.

“Na tarde de 06 de março de 1884, Davis foi tomado por uma força que o fez voar, em Espírito, da pequena cidade onde residia até as montanhas de Castskill, fazendo uma viagem de cerca de 40 milhas. Swedenborg foi um dos mentores espirituais de A.J.Davis”.

 


Bibliografia

O Espiritismo – O Consolador Prometido do GFLM – Grupo da Fraternidade Leopoldo Machado