A luz da Assistência e Terapia espirituais.

Testemunho de irmão desencarnado.

 

Não devemos esquecer as investidas arreliadoras das forças espirituais mais retrogradas da espiritualidade inferior, sempre atentas às mínimas distracções dos companheiros(as) encarnados, em muitos casos entregues a lutas de personalismo e do egocentrismo tão prejudiciais no curso da evolução.

Pretendia certo Espirito benfeitor ajudar espirito amigo e muito querido ao seu coração, sendo dilecta amiga de tempos passados, que atravessava transe difícil no seu percurso evolutivo. Fui inspirando a constituição de um grupo de trabalho, especifico, que reunisse fora dos horários habituais, o que veio a acontecer, com o fim de libertar o ambiente. Uma vez organizado o grupo reunisse com muita assiduidade por parte dos integrantes encarnados.

Na medida em que vamos integrando a noção de que quantos abraçamos as lides em relação com Jesus ja abdicamos e caímos em imprevidências repetidas ao longo dos séculos, em reencarnações sucessivas em que não resistimos a repetir essas quedas e infortúnios. Não era, pois, de estranhar, os desafios e as provas surgindo na medida em que os envolvidos se achem preparados para suportar e vencer os mesmos.

Nada nos é exigido para além daquilo que podemos suportar, e, naturalmente, a condição de encarnado faz com que devam ser vencidos como prova de evolução. Assim o grupo se foi reunindo, atendendo a infelizes irmãos manipulados por hordas de inimigos do Bem e do Amor, em autêntica escravização, pelo domínio mental decorrente de erros clamorosos em que haviam chegado inúmeros (irmãos) em desespero enlouquecedor.

Certa irmã encarnada, identificada por Sofia, profundamente envolvida em processo obsessivo, encontrava-se também no centro das preocupações de todos nos.

Fora iniciada na Causa Espirita, por incúria e invigilância, fora igualmente pasto da acção de forças trevosas mergulhadas na maldade. Apos algumas reuniões de afinização, numerosos irmãos sofredores desencarnados, com muitos outros ignorantes e maldosos, foram sendo trazidos ao ambiente, dai as sessões passaram a desenvolver-se, surpreendentemente, com matizes (nuances) inesperados, mesmo para nos que participávamos delas, embora nunca tenhamos sido indigitados para determinado tipo de acção mental.

Numa das reuniões intuímos o irmão dirigente a mentalizar Sofia, a irmã em desequilíbrio, com a intenção de atrair alguns irmãos (espíritos) que naturalmente a acompanhavam… Nada de estranhar, que entidades acompanhavam essa irmã, e víamos que eram manipuladas em sua ignorância e sofrimento, sendo por nos retiradas e levadas junto dos médiuns em humilde disponibilidade.

Naturalmente envolvia-mos os doutrinadores (médiuns de dialogo com os Espíritos) e os intuíamos ao socorro pela palavra esclarecedora. Segue-se um diálogo no qual o Espirito comunicante ignora a sua condição de desencarnado e so pede para ser levado para o hospital e não sabe aonde esta. Mas, afinal, ja não esta onde estava, esta aqui, nesta sala, a falar connosco. O diálogo continua : Essa agora é boa !… Mas agora vejo que há aqui mais gente. Que é que estão aqui a fazer ? – Olhe, até estamos para esclarecer aqueles que como a irmã não sabem o que se passou… – E volta a chamar-me irmã mas eu não tenho irmãos ?… Pois não, mas somos todos irmãos enquanto espíritos e a senhora ja não esta no seu corpo, ele ja « morreu ». – Morreu agora, estou aqui bem viva… Pois esta porque a alma não morre, mas esse corpo não é o seu. Ora repare…

– O senhor quer mas é pôr-me doida. – Não, eu so quero que compreenda que essa irmã a quem se dirigiu não a sacudiu, mandou-a embora porque a senhora estava a perturbá-la. Ela sentia-a mas não a via. E, de facto, também não anda nada bem. – Então aquele corpo que esta ali deitado naquela cama é o meu ? – Que lhe parece ?… – E, que coisa esquisita.

Estou ali e estou aqui ? – Claro, ali esta o seu corpo, já sem vida. Ora repare bem nem respira. – Realmente… Morri, é ? – E como se diz, morreu. Mas a alma não morre, continua a viver. – Que sei eu là disso. Achava que se morria e pronto, tudo acabava. – Mas não acaba, já reparou ? – E agora que faço ? – Agora nada receie porque estes amigos que aqui estão vestidos de branco vão leva-la para recuperação. – E já tenho que me ir embora ? Até que começava a sentir-me melhor !… Pois, mas tem que ir. Que Jesus a abençoe.

A reunião tocava a seu termo. Outras comunicações se tinham sucedido com outros médiuns. Este trabalho em direcção da irmã Sofia, poderá servir de metodologia para o futuro ? – Certamente que nada acontece por acaso, e devemos estar preparados para erradicar a rotina das reuniões de mediunidade. Os tempos são outros, a evolução tecnológica e cientifica, aconselham a acompanhar esses avanços tecnológicos, o que apela para novos métodos, para em futuro breve, levarmos a mensagem espirita aos ambientes culturais que a desconhecem.

O ciclo de trabalho era intenso. A realização diária de reuniões pesava e tornava difícil a situação para os trabalhadores encarnados. O grupo estava formado por nove elementos entre os quais quatro eram médiuns. Acertos pontuais foram necessários devido a dois médiuns cansados pela intensidade ou quantidade de reuniões levadas a cabo.

Verificava-se no entanto uma progressiva afinização entre todos os elementos, encarnados e desencarnados, que éramos. Estávamos perante um autêntico trabalho de desobsessão, com características especiais, uma vez que a acção das falanges do mal visava afectar a instituição em si, embora focalizando os seus dirigentes ou responsáveis.

O dirigente espiritual convoca uma reunião especial, depois da prece inicial declara : « Meus caros amigos, esta tarefa é emocionante. Como puderam ver, os recursos do amor são ilimitados.

Ontem assistimos a uma verdadeira doutrinação à distância, com recurso a um sofredor que serviu de intermediário. Mas o facto é que os recursos do trabalho mental vão muito para além do que estamos habituados a usar. A nossa doutrina é dinâmica e não pode parar numa rotina simplista de evangelização repetitiva, como vem sendo praticado.

Se a mediunidade é a faculdade que permite aos seus detentores, na forma ostensiva, ou meramente intuitiva, sentir a presença dos espíritos, receber as suas sugestões, seguir as suas ordens, ouvir as suas vozes, escrever as suas mensagens, que impedimento haverá de, aqueles encarnados, que agem pelo bem, o poderem fazer ? Que impedimento há para um trabalho de auxilio, levado a cabo com recurso aqueles que faziam sentir a sua acção, numa determinada fase, de forma perturbadora, agora no exercício do amor fraterno ?

Tal como um trabalho de desobsessão, que exige paciência, serenidade, tolerância, que pode demorar mêses e até anos, este trabalho pode igualmente ser moroso e seus resultados não dependerem exclusivamente da nossa vontade, mas antes de impositivos da Lei, que sempre funcionam com plena justiça divina. Dai que precisemos atentar nas finalidades desta tarefa gigantesca que temos entre mãos.

Nossos irmãos precisam de sentir que não estão sos e que a confiança, que deve brotar da Verdade, precisa invadir seus corações. Eles, como nos, iremos ter essa certeza e constatar o alcance do Amor do Cristo a expressar-se nos recursos de socorro que nos são disponibilizados a todo o tempo…

Quase no final da reunião Joaquim sintonizou mentalmente Sofia, a irmã encarnada em processo obsessivo. Estávamos a postos, pois fazia parte do processo ajuda-la a sair de uma caminhada difícil, envolvida que estava por entidades de uma inferioridade que raramente nos era dado ver e que eram manipuladas por adversários contumazes da Seara de Jesus e, particularmente, da nossa instituição.

Era, verdadeiramente, um cortejo de robots da maldade sob comando e a soldo de agentes das trevas.

 

Forma de diálogo.

 

Em reunião de mediunidade conduzimos uma entidade brincalhona para a médium e o grupo de trabalho.

O diálogo : – Desculpe là, o sr. aonde é que está ? – Ora essa, já me não posso divertir ? – Claro que pode, isso não é mal nenhum, desde que seja de forma a não prejudicar ninguém… – E não prejudico mesmo. Apenas gosto de jovens bonitas e de as atrair para se divertirem comigo. – E você já sabe que é Espirito, que lhe aproveita o que está a fazer ? – Mas eu sinto-me bem e não estou a fazer nada de mal. Apenas aproveitei a deixa que esta rapariga me deu e fui acompanhá-la à festa.

– E será que ela o ouve ? – Claro que ouve. E até ouve bem porque faz o que lhe mando. – Ai faz ?… E se fosse sua irmã ? – Alto ai que a minha irmã não é para aqui chamada… – Ora vê ? Quando tocam nos nossos não gostamos. E já pensou nos dela ? Já meditou sobre o que sentirão os seus familiares ao verem-na mergulhar numa vida sem sentido ? – Isso agora não me interessa…

– Então achava que se fosse a sua irmã a viver como está a sugerir que essa senhora viva, ficaria satisfeito ? Que iria deixar que as coisas assim continuassem ? – Claro que não ia.

– Mas se fosse a sua irmã você gostaria que alguém a ajudasse ?… Bom, bem, que querem de mim ? – Apenas que vá junto dela e lhe dê um puxão de orelhas !… Ela nem me vai sentir… – Mas você disse que ela o ouvia e bem… – Pois ouvia. – Então vá. Vamos lá fazer uma bôa acção hoje. – E depois você vai-me deixar em paz ? – Não, você é que vai sentir um pouco de paz por fazer algo de bem. – Bem que me está a levar. Mas puxar as orelhas !… – E isso mesmo, puxar as orelhas… Mas… como é mesmo o seu nome ? – Arlindo porquê ? – Porque gosto de tratar as pessoas pelo seu nome.

Vamos lá então a ver se resulta. Aproximou-se dela e aperta-lhe a orelha, o que fez com que abanasse a cabeça. Sofia levantou-se de repente e vai para os sanitários e ai vomitou, contorcendo-se.

Já está arrependida de ter vindo.

– Deixe que lhe agradeçamos a ajuda que nos deu. – E agora para onde vou ? – Mas o senhor também quer ajuda ? – Claro, que pensa ? Deu-me uma grande lição hoje. Não sabia o que andava a fazer e reconheço que é tempo de mudar de vida.

– Estão se é assim, pois fique connosco, quem sabe se não vamos também precisar ainda da sua ajuda. – Acho que fico, sim. Mas bem preciso que me expliquem muita coisa. – Certamente que vai explicar-lhe o que precisar.

Arlindo (o Espirito comunicante) foi conduzido a uma instituição (no mundo espiritual) « Amor e Esperança », sendo alojado num espaço destinado às primeiras orientações dos irmãos recolhidos para assistência espiritual.

 


Ndr : Uma grande parte destes estudos foram construídos a partir do livro « Pensamento, Poder Mental e Mediunidade » da autoria de Arnaldo Costeira – publicado pela Edições Hellil – Publicações espiritas – 1a edição 2012.

Arnaldo Costeira é natural do concelho de Lamego, distrito de Viseu – Coronel do exército português, foi professor do Instituto Superior Militar de Agueda e Inspector da Região Militar Norte. Aderiu ao Movimento Espirita Português em 1976, participou da fundação da Associação Social Cultural Espiritualista de Viseu, à qual preside desde a sua fundação. Em 1983 participou da fundação do Jornal Espirita que dirige desde então. Foi presidente da Federação Espirita Portuguesa entre 1998 e 2010. Dirige ainda actualmente a TV-Espirita, Órgão da Associação Social Cultural Espiritualista de Viseu.